Política
São Paulo: Linhas privatizadas transportam menos, mas ganham 4 vezes mais que Metrô e CPTM
Dados obtidos pelo UOL mostram que os repasses do governo a concessionárias chegaram a 2 bilhões, enquanto públicas receberam 460 milhões em 2022


O governo de São Paulo priorizou o repasse de verba pública para empresas privadas responsáveis por linhas de trem e metrô na capital.
As concessionárias ViaMobilidade e a ViaQuatro receberam juntas 2 bilhões de reais para transportar cerca de 500 milhões de passageiros no ano passado.
Enquanto isso, Metrô e CPTM carregaram mais que o dobro — 1,23 bilhão de passageiros — mas ficaram só com 460 milhões de reais no mesmo período. Os dados foram obtidos e divulgados pelo UOL nesta segunda-feira 27.
Os recursos dizem respeito à arrecadação do Bilhete Único, principal fonte de receita tarifária para as operadoras desse tipo de transporte. Ao todo, em 2022, o valor arrecadado chegou a 7 bilhões de reais.
Assim que qualquer pessoa carrega o cartão para a passagem, o dinheiro segue para uma conta única do governo. No final do mês, o montante é repassado na seguinte ordem pelo Convênio de Integração Operacional e Tarifária:
- SPTrans (responsável pelos ônibus, controlada pela prefeitura paulistana), com 58%;
- Grupo CCR — das empresas ViaMobilidade e ViaQuatro —, com 10 milhões de reais por dia; e
- as públicas Metrô e CPTM, com o restante do valor.
Antes das últimas concessões à ViaMobilidade, em 2018, o Metrô e a CPTM receberam 1,8 bilhão de reais.
Não se sabe o motivo pelo qual as empresas privadas têm prioridade nos repasses, uma vez que são responsáveis pela menor quantidade de linhas e de passageiros transportados.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos do governo alega que disponibiliza “compensações tarifárias” às públicas desde o ano passado. O Metrô recebeu 291 milhões de reais extras e a CPTM, 235 milhões.
O monitoramento de todos os repasses e contratos é de responsabilidade da Secretaria de Parcerias em Investimentos, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A pasta pretende privatizar todos os trilhos até o fim do mandato, em 2026.
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