Política
Rio vai à Justiça para impedir a volta de chefões do tráfico ao estado
As transferências irritaram também a cúpula do Ministério da Justiça e da Segurança Pública


O Governo do Rio de Janeiro pretende recorrer de decisões judiciais que autorizam o retorno de chefões do tráfico a presídios estaduais. A gestão de Cláudio Castro (PL) prepara uma série de representações com informações colhidas pelo setor de inteligência da Polícia Civil para sustentar a necessidade de mantê-los sob custódia federal. As informações são do G1.
A medida é uma reação a duas decisões recentes que beneficiaram lideranças de organizações criminosas: Luiz Cláudio Machado (conhecido como Marreta) e Rogério Avelino da Silva (vulgo Rogério 157) receberam aval da Justiça para voltar ao Rio.
As transferências irritaram também a cúpula do Ministério da Justiça, alvo de críticas pela escalada de violência no Rio. Nas redes sociais, o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, manifestou incômodo com as decisões, sem citar nomes.
No meio de uma situação delicada que o Brasil inteiro está acompanhando, recebemos uma determinação judicial para transferir de uma penitenciária federal para o Rio de Janeiro, um líder de facção do estado. Todos precisam cooperar no enfrentamento ao crime organizado.
— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) October 24, 2023
Em outra ponta, o governo estadual também deve pedir a transferência de pelo menos 30 traficantes para presídios federais. A proposta foi apresentada ao procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, em 11 de outubro. Com isso, a gestão Castro tenta evitar decisões favoráveis aos criminosos.
Essas medidas são construídas por um Comitê de Inteligência, a englobar órgãos como Secretaria de Administração Penitenciária, Polícia Militar e Polícia Civil, além do Ministério Público.
Desde a última segunda-feira 23, o Rio vive uma escalada na violência. Na Zona Oeste da capital, ao menos 35 ônibus e um trem foram queimados por ordem de pessoas ligadas ao crime organizado.
A ação ocorreu após a morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, que não resistiu a uma suposta troca de tiros com a Polícia Civil na Zona Oeste. Ele era sobrinho de Luis Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, o principal nome da maior milícia fluminense.
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