Política
Defesa de hacker diz que Zambelli queria descobrir endereço de ministro do STF
Walter Delgatti encaminhou a amigo mensagens enviadas pela deputada em 2022


A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) enviou duas mensagens de voz a Walter Delgatti pedindo para ele descobrir o endereço de um integrante do Supremo Tribunal Federal em Brasília, segundo a defesa do hacker. Os áudios foram revelados nesta segunda-feira 23 pelo G1.
À CPMI do 8 de Janeiro e à Polícia Federal, Delgatti declarou que havia sido contratado pela parlamentar para invadir sistemas do Judiciário e tentar minar a credibilidade das urnas eletrônicas.
Ele encaminhou a um amigo dois áudios em que a deputada pedia favores. As mensagens são datadas de 26 de novembro de 2022.
“Ô, Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Precisava do endereço daqui de Brasília”, diz a voz de Zambelli no primeiro arquivo de áudio.
“Não, não pode ser, porque quadra é prédio, e ele deve morar numa casa no Lago Sul, alguma coisa assim. Deve ser coisa do STF. Isso provavelmente deve estar nos arquivos do STF como casa… casa tipo… funcional, entendeu?”, afirma a parlamentar na segunda gravação.
De acordo com a defesa de Delgatti, o ministro em questão seria Alexandre de Moraes. A representação do hacker pretende entregar os áudios à PF.
Em uma troca de mensagens de texto divulgada pelo G1, Delgatti também menciona “Xandão”, apelido de Moraes, logo após a deputada retomar a conversa sobre os endereços. “Já publicou? E a decisão que fizemos? Essas contas são dele mesmo? Ah, precisava do endereço dele aqui em Brasília…”, escreveu ela.
Em nota, a defesa de Zambelli disse “refutar e rechaçar qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e/ou imorais contra a parlamentar”.
“Ressalte-se que ela desconhece o contexto dessa conversa divulgada, nem para quem e de quem se referia. Igualmente, nem se sabe como obtidas”, diz o comunicado. “Recorde-se ainda que o senhor Walter Delgatti, além de
criminoso condenado, é um meliante contumaz, conhecido por invadir a privacidade das pessoas e manipular dados digitais. Dessa forma, além de inválidos, a gravação e demais elementos apresentados são inidôneos e ilícitos, sob qualquer ótica.”
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