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Conselho de Segurança da ONU aprova envio de força internacional ao Haiti

A resolução, solicitada desde o ano passado pelo país caribenho, foi avalizada com 13 votos a favor e duas abstenções

Conselho de Segurança da ONU aprova envio de força internacional ao Haiti
Conselho de Segurança da ONU aprova envio de força internacional ao Haiti
Policiais lançam gás de pimenta durante um protesto em Porto Príncipe, no Haiti, em 14 de agosto de 2023. Foto: Richard Pierrin/AFP
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O Conselho de Segurança da ONU decidiu, nesta segunda-feira 2, enviar uma missão internacional para o Haiti, liderada pelo Quênia.

O país mais pobre do hemisfério ocidental vive uma situação crítica devido aos grupos armados, que tomaram diversas regiões e são responsáveis por uma violência brutal, com a economia e os serviços de saúde também em crise.

A decisão representa um sopro de esperança, segundo o chanceler haitiano, Jean Victor Geneus. Aprovada por 13 votos a favor e abstenções de Rússia e China, a resolução impõe um embargo de armas leves aplicado até agora apenas a líderes de grupos criminosos.

Desde o ano passado, o premiê do Haiti, Ariel Henry, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediam uma força desse tipo para atender à crise de segurança no país. Em julho, houve um grande avanço nesse sentido, quando o Quênia se ofereceu para dirigir uma força de segurança e enviar mil efetivos.

Devido aos desafios enfrentados nas operações anteriores de manutenção da paz no Haiti e aos riscos de enviar uma força externa no cenário atual, foi difícil encontrar um país disposto a liderar o esforço.

Segundo a resolução, “a missão multinacional de apoio à segurança”, não pertencente à ONU, atuará por um período inicial de 12 meses, com uma revisão após 9 meses. O objetivo será “oferecer apoio operacional à polícia haitiana” em sua luta contra as gangues, contribuir para a segurança de escolas, portos, hospitais e aeroportos, e “melhorar as condições de segurança no Haiti”. Nesse contexto, espera-se conseguir organizar eleições, embora nenhuma tenha sido realizada no país desde 2016.

Em cooperação com as autoridades haitianas, a missão poderia, “para evitar a perda de vidas”, empregar “medidas de emergência” temporárias e proporcionais “em caráter excepcional”, incluindo detenções, em conformidade com o direito internacional.

O projeto de resolução não especifica o tamanho da missão, embora as discussões tenham girado em torno de uma força de cerca de 2 mil soldados.

Ajuda urgente

Dispostos a fornecer apoio logístico, mas não tropas no terreno, os Estados Unidos disseram no mês passado que outros países estavam abertos a contribuir para uma força de segurança multinacional. Entre eles, estão Jamaica, Bahamas e Antígua e Barbuda.

Em sua intervenção na Assembleia-Geral da ONU em meados de setembro, Henry voltou a implorar à comunidade internacional por uma ajuda “urgente” para sua nação.

De acordo com um relatório recente do escritório do secretário-geral da ONU, as múltiplas crises do Haiti pioraram no último ano. O relatório informa que a violência cometida por gangues que controlam grande parte da capital do país, Porto Príncipe, e algumas áreas mais remotas, tornou-se mais intensa e brutal.

Entre outubro de 2022 e junho de 2023, foram registrados quase 2,8 mil assassinatos, 80 deles envolvendo menores, detalha o documento.

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