Política

Brasil fechou 2022 com 236 mil em situação de rua, aponta relatório do governo

O Sudeste concentra a maioria dessas pessoas; os dados foram obtidos a partir de sistemas do governo, como o CadÚnico

Brasil fechou 2022 com 236 mil em situação de rua, aponta relatório do governo
Brasil fechou 2022 com 236 mil em situação de rua, aponta relatório do governo
Próximo ao metrô Santana, os pilares ainda não têm as estruturas "antimendigo". Pessoas em situação de rua permanecem no local
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O Brasil teve 236,4 mil pessoas em situação de rua em 2022, o equivalente a um em cada mil brasileiros, segundo um relatório divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania nesta quinta-feira 14.

Os números foram obtidos com base nos dados disponíveis em registros administrativos e sistemas do governo federal, como o CadÚnico.

Dos 5.568 municípios do País, 3.354 contabilizaram pelo menos um morador de rua. Do total de pessoas em situação de rua, 62% estão concentradas na região Sudeste, mas o Distrito Federal registra o maior índice, com três em cada mil pessoas sem moradia.

Em números absolutos, São Paulo lidera o ranking dos municípios com maior concentração, totalizando 53.853 ou 22,8% do total. Em segundo e em terceiro lugares estão o Rio de Janeiro, com 13.566, e Belo Horizonte, com 11.826.

O perfil da população em situação de rua é formado majoritariamente por homens (85%) adultos (55%) e negros (68%).

O estudo também revela que homens negros e jovens são os principais alvos da violência contra a população em situação de rua. Pessoas pardas e pretas são 69% das vítimas, e a faixa etária mais atingida é a de 20 a 29 anos (26%), seguida dos 30 aos 39 (25%). Quase 90% das notificações em 2022 envolveram violência física.

O relatório sugere a necessidade de ampliar a articulação interministerial para a construção de políticas públicas voltadas a pessoas em situação de rua, o que envolve principalmente as pastas de Desenvolvimento Social, Trabalho, Educação, Saúde, Justiça e Cidades.

Outra medida a ser adotada é o fortalecimento dos Centros de Referência de Assistência Social, os CRAS, e de outros projetos de assistência social básica, a fim de prevenir que casos de vulnerabilidade social desemboquem na situação de rua.

O estudo faz parte de uma resposta do governo à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que deu 120 dias para a apresentação de um plano sobre a população em situação de rua.

A pressão sobre o governo também ocorre após o a maioria do STF proibir remoções forçadas das pessoas em situação de rua e barrar a chamada “arquitetura hostil”, que busca criar obstáculos em locais públicos.

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