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Mauro Cid movimentou R$ 160 mil dos EUA para o Brasil depois de ser preso, diz jornal
Também há movimentação volumosa de dinheiro para o exterior poucos dias depois da tentativa de golpe no Brasil


O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, movimentou mais de 160 mil reais dos Estados Unidos para o Brasil no dia 25 de julho, mais de dois meses depois de ser preso. A movimentação consta em um extrato de operação de câmbio do Banco do Brasil, obtido e revelado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira 24.
Naquele 25 de julho, mostra a publicação, mais de 34 mil dólares saíram da conta de Cid no Wells Fargo Bank, dos EUA, rumo a uma conta do BB no Brasil. A conversão chega a quase 162 mil reais.
Antes de ser preso, mostra o mesmo extrato, Cid já havia feito movimentações volumosas poucos dias após a tentativa de golpe no Brasil. Dessa vez, porém, o dinheiro fez o caminho contrário. Ao todo, em 12 de janeiro deste ano, Cid mandou quase 368 mil reais para uma conta do BB Americas nos EUA. O valor foi convertido em pouco mais de 70,5 mil dólares.
O documento obtido pelo jornal está em posse da CPMI do 8 de Janeiro. Nele é possível ver também diversas aplicações de Cid ao longo da gestão de Bolsonaro. As movimentações de Cid são apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, como atípicas.
Nesta quinta-feira, um integrante da sua equipe, o sargento Luis Marcos dos Reis, será ouvido pela CPMI. Ele é apontado como responsável pela movimentação atípica de recursos nas contas do tenente-coronel. Por decisão do Supremo Tribunal Federal, Reis foi autorizado a ficar em silêncio no depoimento.
Mauro Cid, importante lembrar, foi preso em maio em uma investigação sobre fraude em cartões de vacinação, incluindo o de Jair Bolsonaro. Nas quebras de sigilos telefônico e bancário, o braço-direito do ex-capitão foi flagrado em conversas golpistas, além de ser o centro de um esquema para venda de presentes luxuosos e joias presenteados ao Brasil quando Bolsonaro era presidente.
Ele já foi à CPMI, mas ficou calado. Na PF, a indicação é de que ele irá colaborar após a descoberta de que seu pai era integrante do esquema e se tornou alvo de operação. Publicamente, porém, a sua defesa tem causado um embaralhamento de versões.
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