CartaExpressa
Belo Horizonte proíbe linguagem neutra em escolas públicas e particulares
Projeto aprovado foi apresentado por Nikolas Ferreira, quando ele ocupava uma vaga de vereador na capital de Minas; lei semelhante já foi derrubada pelo STF
O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, promulgou neste sábado 19 uma lei que proíbe o uso de linguagem neutra ou não binária nas escolas da capital de Minas Gerais. A adoção de termos como ‘elu’ ou ‘todes’, por exemplo, ficam proibidas em instituições de ensino públicas ou particulares do município.
A lei promulgada hoje foi proposta por Nikolas Ferreira, hoje deputado federal, quando ele ainda ocupava uma cadeira como vereador na cidade. O texto chegou a ser vetado pelo prefeito Fuad Noman (PSD). A Câmara Municipal, porém, durrubou o veto ao projeto no início de agosto.
“Para efeito desta lei, entende-se por linguagem neutra ou não binária aquela que descaracteriza, por meio da alteração morfológica das palavras na comunicação oral e escrita, o uso da norma culta da Língua Portuguesa e seu conjunto de padrões linguísticos, tendo por finalidade a não identificação ou a não definição de gênero masculino ou feminino”.
A nova norma local prevê sanções administrativas às escolas que adotarem o modelo de linguagem. Os detalhes de quais serão essas punições, porém, ainda não foram definidos e serão feitos por decreto.
É importante lembrar que, em 2021, o Supremo Tribunal Federal derrubou uma legislação parecida em Rondônia. Naquela ocasião, ficava proibido o uso da linguagem neutra em instituições de ensino e editais de concursos públicos.
Por decisão do ministro Edson Fachin, no entanto, a norma de Rondônia foi barrada. Ele foi seguido pelos colegas de Corte em decisão do plenário, em fevereiro deste ano. O entendimento é o de que é competência da União editar normas gerais sobre diretrizes e bases da educação. Nesta linha, portanto, a regra promulgada hoje em Minas Gerais seria também inconstitucional.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
O que diz o MEC sobre o debate da linguagem neutra nas escolas
Por Camila da Silva
O que muda com a decisão do STF sobre a linguagem neutra
Por Camila da Silva
Quem tem medo da linguagem inclusiva?
Por Leonam Lucas Nogueira Cunha
Conselho de Ética da Câmara arquiva processo contra Nikolas Ferreira por transfobia
Por Victor Ohana


