Política
Áudio de Mauro Cid obtido pela PF indica US$ 25 mil ’em cash’ para Bolsonaro
O relatório da corporação foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
Um dos áudios obtidos pela Polícia Federal pode comprometer ainda mais a situação de Jair Bolsonaro no caso do desvio de presentes recebidos em viagens oficiais pelo governo do ex-presidente.
O relatório da corporação foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou uma operação de busca e apreensão cumprida nesta sexta-feira 11 contra:
- o general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- o segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, braço direito de Mauro Cid;
- o advogado Frederick Wassef, que defendeu a família Bolsonaro em diversos processos.
O áudio em questão foi enviado por Mauro Cid (filho) a Marcelo Câmara, então assessor da Presidência, em 18 de janeiro deste ano.
Segundo a PF, as mensagens revelam “o objetivo de tentar vender as esculturas douradas e a existência de recursos em dólar, supostamente de propriedade de JAIR BOLSONARO, em posse do General MAURO LOURENA CID”.
Em um mesmo áudio, Cid menciona 25 mil dólares supostamente direcionados a Bolsonaro, tentativas de vender objetos folheados a ouro recebidos em viagem oficial ao Bahrein e tratativas para levar a leilão um kit de luxo enviado pela Arábia Saudita ao governo brasileiro.
Na mensagem, Cid deixa claro o receio de utilizar o sistema bancário para repassar o dinheiro ao ex-capitão.
‘Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor ne? (…)”, diz a transcrição da PF.
Na sequência, o tenente-coronel aborda a tentativa de vender esculturas que seriam presentes entregues por autoridades do Oriente Médio.
“(…) Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…).”
Por fim, Cid menciona a Câmara o procedimento de venda, por meio de um leilão, de um kit contendo um relógio.
“O relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…)’”, emendou o militar.
Câmara, por sua vez, responde à dúvida de Cid sobre os 25 mil dólares. “Melhor trazer em cachê”, afirmou. Lacônico, Cid disse apenas: “Ok ciente”.
Como informou CartaCapital, a PF suspeita de que Bolsonaro usou o governo para vender as joias e receber dinheiro vivo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Bolsonaro usou o governo para vender joias e receber dinheiro vivo, indica PF
Por CartaCapital
‘Já sumiu um com dona Michelle’: as conversas de assessores de Bolsonaro sobre ‘presentes’ recebidos
Por CartaCapital
Como Wassef recomprou Rolex entregue a Bolsonaro e vendido pelo pai de Mauro Cid, segundo a PF
Por CartaCapital



