Política
Coaf identificou movimentação de R$ 4 milhões em um ano nas contas do pai de Mauro Cid
Endereços do general responsável pela Apex-Brasil em Miami (EUA) no governo Bolsonaro foram alvos de busca e apreensão nesta sexta-feira; suspeita é de peculato e lavagem de dinheiro


Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, aponta que o pai de Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, movimentou quase 4 milhões de reais em suas contas bancárias em apenas um ano. A movimentação, diz o documento, é considerada atípica para um agente público. O general comandou o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, na última gestão federal e é colega de Jair Bolsonaro da Aman.
Os detalhes do relatório estão em posse da CPMI do 8 de Janeiro, conforme mostra o site G1, que teve acesso a íntegra da apuração. As transações motivam um pedido de quebra de sigilo. A movimentação também ganha novos contornos nesta sexta, uma vez que o general se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal, que faz buscas para apurar os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
A suspeita, diz a PF, é de que Mauro Lourena Cid seja um dos integrantes de um esquema que utilizava a “estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais”. Os itens recebidos pelo governo Bolsonaro, segundo a investigação, eram vendidos e o dinheiro, em espécie, encaminhado para a conta pessoal dos envolvidos. O general seria ‘o mercador’ das joias no esquema.
No período investigado, o general fez movimentações fracionadas, limitadas até 3 mil dólares, justamente para que não tivesse que declarar a motivação das remessas ao Fisco. Só no período em que Bolsonaro esteve nos EUA após derrota para Lula nas eleições, foram 10 envios de dinheiro feito pelo general para o País. A quantia supera 150 mil reais.
Recentemente, e-mails descobertos na conta de Mauro Cid, filho do general, mostram tentativas de vender itens como um Rolex recebido durante viagens ao Oriente Médio. Ele ofertou o item por 60 mil dólares. As negociações ocorreram durante a passagem de Bolsonaro nos Estados Unidos. Mauro Cid, vale lembrar, era o braço-direito do ex-capitão e é também alvo da operação desta sexta.
Ao todo, nesta sexta, são quatro mandados de busca e apreensão cumpridos nos endereços da família Cid e de outro auxiliar do ex-presidente, o tenente do Exército Osmar Crivelatti. O advogado do clã Frederick Wassef é outro alvo. Conforme mostram as investigações, o grupo teria vendido os presentes oficiais e ocultado o dinheiro em suas contas pessoais.
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