

Opinião
Figuras bizarras. Está chegando a hora!
É assustadora a cara de pau de Moro e Deltan, tristes figuras da política brasileira, escreve Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay


“A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente” – Florbela Espanca
São assustadores o mau-caratismo e a cara de pau destas tristes figuras da política brasileira: Moro e Deltan. Com uma falta de lealdade intelectual, a maior característica da dupla, eles querem criticar a delação premiada de um dos executores do assassinato da Marielle Franco. São calhordas ao criticar a delação com base numa subleitura das denúncias que nós fazemos do estupro que eles fizeram com o instituto da delação.
Eles deveriam respeitar minimamente a inteligência das pessoas que acompanham os últimos anos do desastre que foi a Lava Jato. Eles usaram a delação, comprovadamente, como forma de tortura para criminalizar quem queriam acusar. Tem um subprocurador que admitiu, por escrito em um parecer no STJ, que as prisões eram feitas para forçar as delações. Canalhas. Mil vezes canalhas.
O estranho é que Moro está agindo em causa própria, pois tem, certamente, muita preocupação com o desenrolar das investigações da morte de Marielle, até pela sua estranha atuação como ministro da Justiça defendendo Bolsonaro e acusando, constrangendo o porteiro do condomínio onde morava o ex-presidente. Esta é uma linha de investigação séria: quem mandou matar Marielle e quem participou da rede de proteção dos mandantes.
Os nós começam a ser desatados e depois as cordas irão levar, fatalmente, a outras amarras que serão importantes para desvendar este e outros crimes bárbaros. Dentre os vários crimes que infernizam a vida de Deltan, até agora, o de Marielle Franco não estava no espectro. Talvez ele esteja querendo ser solidário com o seu ex-chefe, Moro. A primeira demonstração de caráter que vejo nesta figura sombria. O tempo dirá.
É bom lembrar Ferreira Gullar: “Inútil pedir perdão. Dizer que o traz no coração o morto não ouve”.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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