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Ataque russo atinge infraestruturas portuárias no sul da Ucrânia

Ofensiva ocorre logo após anúncio de que a Rússia não iria renovar o acordo assinado em julho de 2022 que permitiu a retomada do trânsito de grãos

Ataque russo atinge infraestruturas portuárias no sul da Ucrânia
Ataque russo atinge infraestruturas portuárias no sul da Ucrânia
Porto de Odessa, no Sul da Ucrânia, antes do ataque russo. Foto: Bo Amstrup / Ritzau Scanpix / AFP
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Um ataque executado durante a noite pela Rússia provocou danos às infraestruturas portuárias de Odessa, no sul da Ucrânia, anunciaram as autoridades militares de Kiev nesta terça-feira (18), poucas horas depois de Moscou rejeitar a prorrogação de um acordo para a exportação de grãos na região.

Seis mísseis Kalbir lançados contra Odessa e 21 drones de fabricação iraniana que se aproximavam da região foram “destruídos” pela defesa antiaérea, anunciou o comando sul do exército ucraniano em um comunicado.

“Infelizmente, os destroços dos mísseis abatidos e a onda expansiva da derrubada danificaram as infraestruturas portuárias e várias residências particulares”, acrescenta a nota, que não menciona a cidade afetada.

De acordo com a Força Aérea ucraniana, 31 drones foram derrubados em todo país, dos 36 que a Rússia lançou durante a noite.

A região de Odessa, no Mar Negro, abriga terminais cruciais para o acordo de exportação de grãos ucranianos entre Kiev e Moscou que expirou na segunda-feira à noite.

O pacto permitiu a exportação de mais de 32 toneladas de grãos ucranianos desde o ano passado.

O governador de Mikolaiv, Vitaliy Kim, informou que uma “instalação industrial” foi atingida no ataque contra a capital homônima desta região do sul da Ucrânia.

O impacto não deixou vítimas, mas provocou um incêndio que já foi controlado.

Usar “a comida como arma”

A invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, provocou o bloqueio dos portos na costa do Mar Negro da Ucrânia, um dos principais produtores de cereais do mundo, o que gerou grande tensão no mercado mundial de alimentos.

O acordo assinado em julho de 2022 com a Rússia permitiu a retomada do trânsito de grãos, mas o Kremlin se recusou a renovar o pacto alegando que parte que deveria garantir as exportações dos alimentos e fertilizantes do país não estava sendo cumprida.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que milhões de pessoas vão “pagar o preço” por esta decisão, que segundo ele “afetará as pessoas mais pobres em todo o mundo”.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou que seu país está disposto a manter as exportações de grãos.

“Mesmo sem a Rússia, tudo o que for possível deve ser feito para que possamos usar esse corredor [para exportação] no Mar Negro. Não temos medo”, insistiu.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou a decisão de Moscou de “cínica” e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou a Rússia de usar “a comida como arma”.

A ONU informou que na segunda-feira foi inspecionado em Istambul a última embarcação com grãos ucranianos que cruzou o Mar Negro como parte do acordo.

De acordo com os dados do Centro de Coordenação Conjunta (CCC), que supervisionou o acordo, China e Turquia foram os principais beneficiários das exportações de grãos, assim como as economias desenvolvidas.

O acordo também ajudou o Programa Mundial de Alimentos da ONU a auxiliar os países com escassez de alimentos, como Afeganistão, Sudão e Iêmen.

A notícia da saída da Rússia do acordo teve um impacto limitado nos preços internacionais do trigo, que registram cotações quase 25% menores que há 12 meses.

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