Política
Relatora da CPMI pede a convocação de coronel que discutiu golpe com Mauro Cid
Em troca de mensagens, Lawand Junior pediu a Cid que convencesse Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar


A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI que investiga os atos golpistas do 8 de Janeiro, apresentou um requerimento pela convocação do coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Junior para prestar explicações sobre as tratativas de um golpe de Estado encontradas pela Polícia Federal no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Na troca de mensagens, Lawand pediu a Cid que convencesse Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar após o segundo turno das eleições de 2022 e, consequentemente, anular o resultado do pleito. A ação ainda previa prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
“Soube agora que não vai sair nada”, escreveu o militar. “Decepção irmão. Entregaram o país aos bandidos”, acrescentou. A mensagem é de 21 de dezembro. Menos de três minutos depois, Cid respondeu: “Infelizmente”.
Dias antes, os dois haviam debatido a “necessidade” de se “dar a ordem” para um plano golpista. No celular do ex-ajudante de ordens ainda foi encontrada a minuta de um documento que decretava estado de sítio no Brasil.
Para a senadora, “os fatos preparatórios dos atos do dia 8 merecem atenção especial durante o processo de investigação”. A convocação de Lawand também é objeto de requerimentos apresentados pelos parlamentares petistas Rogério Correia (MG) e Fabiano Contarato (ES).
Os depoimentos na CPMI começarão na próxima terça-feira 20, com o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.
No dia seguinte, o colegiado ouvirá outros dois convocados: George Washington de Oliveira Sousa, acusado de planejar um ataque a bomba no Aeroporto de Brasília, em dezembro, e Valdir Pires Dantas Filho, perito da Polícia Civil que atuou na investigação do caso.
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