Economia
CEO da Americanas cita indícios contra auditorias e diz que fraude vai além de ‘inconsistência contábil’
Leonardo Coelho depôs à CPI da Americanas na Câmara. ‘Essas evidências não mais me permitem tratar como inconsistências’, afirmou


O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, afirmou nesta terça-feira 13 que a crise na companhia vai além de uma mera “inconsistência contábil”. Em depoimento à CPI aberta pela Câmara para investigar o caso, ele ainda citou duas empresas de auditoria, a PwC e a KPMG.
Um fato relevante divulgado pela Americanas nesta terça aponta que as demonstrações financeiras eram fraudadas pela diretoria anterior. Esta é a primeira vez que a varejista cita oficialmente a conclusão de que houve fraude em seus balanços.
“No fato relevante, pela primeira vez a Americanas não chama mais essa crise de ‘inconsistências contábeis’, ela chama de ‘fraude'”, reforçou Pereira na CPI.
Ele entregou à comissão documentos e trocas de e-mails da diretoria anterior que, em sua avaliação, atestam as irregularidades. “Essas evidências trazidas ao senhores e às senhoras hoje não mais me permitem, como diretor-presidente que estou desde 15 de fevereiro, tratar como inconsistências contábeis.”
Coelho disse na sessão que documentos mostram uma troca de e-mails entre auditores da KPMG e a diretoria da Americanas nos quais a intenção seria amenizar o teor de uma carta entregue pela auditoria ao Conselho de Administração.
Outra troca de mensagens, entre a PwC e a diretoria, poderia indicar que a auditoria teria sugerido a redação de um texto sobre operações de risco sacado, a fim de que “não ficasse claro” o mecanismo utilizado para operacionalizar a fraude.
Sobre as auditorias, porém, ele reconheceu que a situação “ainda demanda contexto”, uma vez que documentos falsificados teriam sido apresentados a elas.
A PwC e a KPMG informaram que questões contratuais as impediriam de comentar as afirmações do CEO da Americanas.
Leonardo Coelho também entregou à CPI registros de conversas entre bancos e a diretoria da empresa. “Documentos mostram que bancos aceitaram suavizar a redação das cartas”, argumentou o executivo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.