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‘Não sei se houve abuso’, diz secretário de Tarcísio sobre PMs carregando homem amarrado
Guilherme Derrite, chefe da SSP, diz que imagens que viralizaram são ‘uma parte do todo’ e que não fará ‘prejulgamento dos policiais’


O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou que não sabe afirmar se houve abuso na ação policial contra Robson Rodrigo Francisco, um homem que foi carregado por agentes da PM com os pés e mãos amarradas, após suspeitas de furtar chocolates em uma loja de conveniência.
“Houve abuso policial? Eu não sei. A investigação é que vai definir se houve abuso ou não”, afirmou Derrite. “Tanto é que a juíza desse caso manteve a condenação do indivíduo.”
O secretário também mencionou supostos relatos de testemunhas que afiram que, mesmo algemado, o homem continuava ‘indo para cima’ dos policiais.
“Não estou dizendo que foi ou não foi correta a maneira como eles imobilizaram e conduziram aquele indivíduo. Estou dizendo que cada caso é um caso e que nós teremos uma investigação que, no final, vai definir.”.
Sobre o vídeo que viralizou nas redes sociais, o secretário disse ser ‘uma parte do todo’. “Não vou fazer um prejulgamento dos policiais. Aqui, o bom policial não vai ser condenado previamente por pressão da mídia”, completou.
O registro da ação mostra o homem sendo conduzido por policiais a uma unidade de pronto atendimento, amarrado, em uma posição típica de tortura de escravos popularmente chamada de pau de arara. No local, o suspeito de furto é jogado em uma maca.
Após o caso, a Polícia Militar de SP informou que os policiais que participaram da ação foram afastados e que foi aberto um inquérito para apurar a conduta.
Já o ouvidor da PM, Claudinho Silva, classificou a ação como tortura e pediu ‘apuração rigorosa’ por parte da Corregedoria.
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