Política
Bolsonaro presta depoimento de 3h sobre fraude em dados de vacinação
Os investigadores querem saber se o ex-presidente tinha conhecimento da prática e se partiu dele a ordem inicial


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) finalizou na tarde desta terça-feira 16, na sede da Polícia Federal em Brasília, seu depoimento sobre um suposto esquema de adulteração de cartões de vacinação. O ex-capitão teria se beneficiado da fraude. A oitiva durou cerca de três horas.
Os investigadores buscam saber se Bolsonaro tinha conhecimento do esquema e se partiu dele a ordem para incluir no sistema do Ministério da Saúde os dados falsos sobre a imunização contra a Covid-19. As informações foram apagadas dias depois.
O ex-presidente foi alvo de uma operação de busca e apreensão deflagrada pela PF em 3 de maio. Na ocasião, o celular de Bolsonaro foi apreendido.
Naquele dia, seis pessoas foram presas na Operação Venire, entre elas o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o ex-sargento do Bope Max Guilherme, ex-assessor.
Além de Bolsonaro e da filha Laura Bolsonaro, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, da esposa dele e das três filhas do casal.
A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da Central de Vacinação de Duque de Caxias (RJ), afirmou em depoimento à PF ter emprestado sua senha para o secretário de Governo da cidade, João Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente.
Silva disse ter compartilhado sua senha por não ver “qualquer má-fé” no pedido do secretário e acreditar que a mudança nos dados seria “idônea”.
A informação inserida no sistema em 21 de dezembro de 2022 é de que Bolsonaro teria tomado duas doses de vacina (em agosto e em outubro). Em 22 de dezembro, um certificado de vacinação do ex-capitão foi emitido dentro do Palácio do Planalto. Cinco dias depois, após uma nova emissão, o usuário em nome da servidora apagou o registro do sistema, sob a justificativa de um “erro”.
Cláudia Silva declarou à PF não conhecer João Brecha pessoalmente e sustentou que o pedido para ajudá-lo partiu de sua chefe, a secretária de Saúde, Célia Serrano.
Mauro Cid e Max Guilherme são suspeitos de inserir informações falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 a fim de emitir certificados de vacinação para viajar aos Estados Unidos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

As apostas de Valdemar Costa Neto para 2026 caso Bolsonaro fique inelegível
Por CartaCapital
Mensagens em celulares de aliados de Bolsonaro evidenciam plano de golpe com prisão de Moraes, diz PF
Por CartaCapital
Bolsonaro sonhava com atentados como os do dia 8 de Janeiro, diz Gilmar Mendes
Por CartaCapital