Justiça

Com câmeras nas fardas, mortes de adolescentes por PMs caem 80% em São Paulo

Mortes de policiais em serviço ou fora dele também diminuiu, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Com câmeras nas fardas, mortes de adolescentes por PMs caem 80% em São Paulo
Com câmeras nas fardas, mortes de adolescentes por PMs caem 80% em São Paulo
Policiais com câmera acopladas à farda Foto: Governo do Estado de SP/Divulgação
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A mortalidade de adolescentes em intervenções policiais sofreu queda de 80,1% em São Paulo, em 2022, após a instalação das câmeras nos uniformes dos policiais militares.

O dado consta em um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Unicef divulgado nesta terça-feira 16.

O estudo mostra uma diferença notória na mortalidade de jovens antes da implementação das câmeras e depois delas, no ano de 2020.

Em 2017, foram contabilizadas 171 mortes de jovens entre  15 e 19 anos em decorrência de atuação policial; em 2021, foram 42 mortes, uma queda de 75%. Em 2022, o registro foi de 34 mortes, o menor da série histórica compilada pelo Ministério Público de São Paulo no relatório Letalidade Policial em Foco; a queda é de 80,1% se comparado a 2017.

Os pesquisadores apontam que, embora a letalidade provocada por policiais entre crianças e adolescentes passe a cair a partir de 2018, a queda é acentuada a partir de 2020, com a instalação das câmeras às fardas.

O estudo mostrou ainda que nos batalhões que incorporaram o uso das câmeras houve queda de 76,2% na letalidade dos policiais em serviço entre 2019 e 2022; nos demais, a queda foi de 33,3%. O número de adolescentes mortos em intervenções de policiais militares em serviço caiu 66,7%, passando de 102 vítimas em 2019 para 34 em 2022.

Também fica evidente com o levantamento uma queda expressiva na letalidade de pessoas negras. Entre 2017 e 2022, 62,7% eram negros (pretos e pardos), 34,7% eram brancos, 0,1% amarelos, e, em 2,5%, cor da vítima não foi preenchida no boletim de ocorrência; entre 2019 e 2022, houve quedas expressivas nas taxas de letalidade: redução de 64,3% entre negros e de 66,2% entre brancos; entre 2017 e 2022, a queda da taxa de mortalidade entre negros (- 63,5%) foi maior que a entre brancos (- 58,3%). Ainda assim, a pesquisa destaca que a taxa de letalidade pela polícia segue sendo três vezes maior entre negros do que entre brancos.

O uso das câmeras também levou à queda de mortes entre policiais em serviço ou fora dele. Em 2020, por exemplo, 18 PMs foram vítimas de homicídio enquanto trabalhavam; em 2021, foram quatro (- 77%); já em 2022, seis mortes (- 66%).

Segundo o levantamento, a redução da vitimização dos policiais no horário de trabalho registrou os menores números da história nos últimos dois anos.

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