Política

Exército diz que não punirá Mauro Cid, auxiliar de Bolsonaro preso por falsificar cartões de vacina

Em resposta ao questionamento de CartaCapital, Força informou que a decisão de não punir o militar se dá porque ele já ‘encontra-se à disposição da Justiça’

Exército diz que não punirá Mauro Cid, auxiliar de Bolsonaro preso por falsificar cartões de vacina
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Foto: Alan Santos/PR
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O Exército Brasileiro informou que não punirá o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preso na quarta-feira 3 pela Polícia Federal sob a acusação de falsificar dados dos sistemas do Ministério da Saúde.

A decisão foi comunicada pelo Exército em resposta a um pedido de informação feito por CartaCapital na manhã desta sexta-feira 5. No texto, a Força indicou não ter suspendido o militar da ativa mesmo diante da operação.

O comunicado esclarece, também, que Cid não será alvo de um procedimento administrativo interno. A alegação é de que o ajudante de ordens do ex-capitão já está ‘à disposição da Justiça’. Cid, vale lembrar, optou por se manter em silêncio durante o primeiro depoimento prestado à PF após a prisão.

“O TC Mauro Cesar Barbosa Cid está em prisão preventiva, expedida por decisão do Supremo Tribunal Federal, custodiado em Organização Militar do Exército, conforme previsto na legislação em vigor. Não será aberto procedimento administrativo, pois o militar encontra-se à disposição da Justiça, em processo que corre em sigilo”, diz a nota do Exército.

Cargo de Mauro Cid no Exército

Mauro Cid é tenente-coronel da ativa do Exército e estava cedido ao Palácio do Planalto durante a gestão de Bolsonaro para atuar como ajudante de ordens do ex-capitão. Ele era, portanto, braço-direito do ex-presidente e chegou a ser indicado por ele para comandar o comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO). A nomeação, porém, foi barrada diante da suspeita de que ele era o operador de um esquema de rachadinha no Planalto.

Entenda a acusação

O militar foi preso em uma operação que apura a inserção de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde. A acusação é de que ele faz parte de uma organização criminosa que fraudava certificados de vacinação para driblar legislações do Brasil e dos Estados Unidos.

Entre os beneficiados com a atuação do grupo estaria, segundo as investigações, Jair Bolsonaro. A investigação aponta que o ex-presidente teve um cartão falso de vacinação produzido pelo auxiliar. A filha do ex-capitão com Michelle Bolsonaro, Laura Bolsonaro, também ganhou um passaporte vacinal falso. Não por acaso, a residência de Bolsonaro foi alvo de buscas. Cid, sua esposa e filhas também teriam se beneficiado do crime.

Pesa ainda contra o militar o fato de ele ter sido flagrado em conversa contendo planos de um golpe de Estado, que incluía a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O caso foi revelado ontem, pela CNN Brasil, a partir de mensagens colhidas pela PF no celular de Mauro Cid durante a operação.

O autor da estratégia de golpe é Ailton Barros, político do PL aliado do ex-presidente. Ele chegou a usar o slogan ‘zero um de Bolsonaro’ durante as eleições de 2022. Barros é ex-major do Exército brasileiro e, em outra mensagem apreendida, revelou ‘saber tudo’ sobre o assassinato da vareadora Marielle Franco (PSOL-RJ), inclusive o mandante do crime. Ele será ouvido na investigação que, há cinco anos, tenta concluir o caso.

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