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Bolsonaro confirma à PF ter conversado com ex-chefe da Receita sobre as joias sauditas
O pacote de joias enviadas pelo governo saudita foi retido pelo Fisco no Aeroporto de Guarulhos (SP), em outubro de 2021
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que conversou com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes sobre o pacote de joias enviadas pelo governo saudita e retidas pelo Fisco no Aeroporto de Guarulhos (SP), em 2021. O teor do depoimento foi revelado pela TV Globo.
A oitiva com o ex-presidente aconteceu no dia 5 de abril. À PF, Bolsonaro afirmou que “estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal” e “determinou que [Júlio César] estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem”. O auxiliar ao qual o ex-capitão se referiu é o tenente-coronel Mauro Cid.
“O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações”, diz trecho do depoimento. “[O declarante ainda disse] que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda”.
De acordo com a reportagem, Bolsonaro declarou ainda que só foi informado sobre o confisco das joias entre o final de novembro e o começo de dezembro de 2022. O ex-presidente também disse não se lembrar de quem o avisou.
Vieira Gomes, importante lembrar, era chefe da Receita quando Bolsonaro tentou reaver os itens luxuosos retidos na alfândega. O servidor assinou um ofício que autorizava os auditores do Fisco a liberar o pacote apreendido. Ele é alvo de uma investigação interna no órgão.
As joias estavam escondidas em uma mochila do assessor do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. O conjunto, a contar com colar, anel, relógio e brincos de diamantes, teria sido um presente à então primeira-dama Michelle Bolsonaro e foi retido pelo Fisco por não terem sido declarados.
Após a tentativa de liberar as joias, Vieira Gomes foi nomeado para o cargo de adido tributário em Paris, cargo posteriormente extinto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Desde então, ele convive com apurações sobre o caso.
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