Justiça
Aras defende no STF que o crime de trabalho escravo seja considerado imprescritível
A manifestação contou com a colaboração do Ministério Público do Trabalho


O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu no Supremo Tribunal Federal que o crime de trabalho análogo à escravidão seja considerado imprescritível. A manifestação contou com a colaboração do Ministério Público do Trabalho.
Na ação, o PGR requer a concessão de uma liminar para que, até o julgamento de mérito do processo, juízes e tribunais se abstenham de declarar a prescrição desse tipo de crime.
Aras argumentou que “a necessidade de punir exemplarmente a escravidão ainda é medida de reparação histórica, sobretudo quando, mesmo 134 anos após a abolição formal da escravização de pessoas no País, a realidade comprova a persistência de formas de escravidão contemporâneas, a atingir setores mais vulneráveis por fatores históricos, sociais, econômicos, migratórios, étnicos, raciais e de gênero”.
Ele acrescentou que “em sua dimensão coletiva, [a imprescritibilidade] inclui o direito da sociedade à construção da memória, história e identidades coletivas, possibilitando-se que as pessoas conheçam os acontecimentos de sua localidade e a realidade de determinado fato criminoso em suas consequências jurídicas e sociais”.
Segundo Aras, a fixação de um limite de tempo para a punição pelo Estado representa, nesses casos, uma violação a preceitos fundamentais, a exemplo de dignidade humana, valor social do trabalho e objetivo fundamental de construção de uma sociedade livre e solidária, além dos direitos à liberdade e à integridade física do trabalhador, à proteção social do trabalho e à imprescritibilidade do crime de racismo.
Na peça, o PGR citou ainda a condenação do Brasil, em 2016, por omissão em uma situação de trabalho escravo na fazenda Brasil Verde pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Na decisão, os juízes afirmaram que o crime não pode prescrever.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Em meio a casos análogos à escravidão, deputado quer fim do Ministério Público do Trabalho
Por CartaCapital
Argentinos em condição análoga à escravidão são resgatados no Rio Grande do Sul
Por Agência Brasil
PF liberta paraguaios que trabalhavam em situação análoga à escravidão
Por Agência Brasil
Erika Hilton engrossa denúncia contra trabalho escravo no Lollapalooza na Câmara
Por Caio César
Em 10 anos, denúncias de trabalho escravo mais que dobram no Brasil
Por André Lucena