Política

As bases do projeto do governo para combater fake news, segundo Flávio Dino

Segundo o ministro da Justiça, não é possível que o Marco Civil da Internet seja visto como  um ‘dogma imutável’

As bases do projeto do governo para combater fake news, segundo Flávio Dino
As bases do projeto do governo para combater fake news, segundo Flávio Dino
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, durante anúncio de ministros no CCBB Brasília.
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O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, defendeu nesta segunda-feira 13 o projeto elaborado pelo governo Lula (PT) para enfrentar a disseminação de notícias fraudulentas e a organização de atos antidemocráticos nas redes sociais.

A matéria terá a relatoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto de lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes deve encaminhar contribuições ao texto, que tende a ser incorporado ao PL que já tramita no Congresso Nacional.

A tendência, segundo Dino, é de que Moraes entregue “algum estudo para o relator” ainda nesta semana. O ministro da Justiça participou, no Rio de Janeiro, do seminário Liberdade de Expressão, Redes Sociais e Democracia, no Centro Cultural da Fundação Getulio Vargas.

“Não há esfera de privacidade desregulada, nem quando os cônjuges se encontram no lar. Sempre é uma relação a três. Porque sempre estarão lá os cônjuges e o ordenamento jurídico. Lei Maria da Penha, Código Penal… Que privacidade é esta da internet que seria superior mesmo à privacidade no recinto mais sagrado de onde ela nasce, qual seja, o lar? Isto é pura ideologia, no sentido de falseamento”, defendeu Dino.

Segundo ele, não é possível que o Marco Civil da Internet seja visto como  um “dogma imutável”. Assim, é necessário promover uma “leitura sistemática”.

Entre as premissas do projeto do governo Lula estão, de acordo com o ministro, transparência, dever de cuidado e, possivelmente, um órgão regulador.

“Dizem que eu falo muito de crime, é meu dever. Mas não significa que o projeto do Poder Executivo que será debatido é puramente punitivista. Não, não é. Mas, obviamente, tem uma dimensão acerca da responsabilidade”, prosseguiu. “Dever de cuidado. Nenhuma atividade humana é destituída deste dever. E esse dever de cuidado se traduzirá em relatórios, na nossa proposta, semestrais, acerca do que se passa nas moderações, nos impulsionamentos, nas retiradas de conteúdo.”

A possibilidade de criação de um órgão regulador, no entanto, está “em aberto”, afirmou Dino.

“Esse é um tema fundamental que estamos ainda debatendo com o próprio relator. O órgão regulador deve ter certos atributos de independência, claro, e a meu ver envolver a sociedade civil, empresas de checagem, por exemplo, mas com leveza”, ponderou. “Não pode ser a criação de um novo aparato burocrático, pesado e de difícil manejo, porque ele se choca contra a própria lógica da internet.”

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