Política
‘Encontramos um quadro de negligencia e crueldade’, denuncia Silvio Almeida na ONU
O ministro reafirmou ao Conselho de Direitos Humanos os compromissos do Brasil na agenda mundial


O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, apontou durante seu discurso no Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta segunda-feira 27, o cenário de terra arrasada deixado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no País.
“O que encontramos foi um quadro escandaloso de desmonte, negligência e crueldade”, disse o ministro, que ainda reforçou o empenho do governo do presidente Lula (PT) em remediar a grave situação humanitária dos povos yanomamis.
“Os povos indígenas no Brasil, pela primeira vez, tem um Ministério próprio, comandado por uma liderança indígena”, afirmou. “Nenhuma decisão sob seus direitos será tomada sem a sua efetiva participação”.
Em declarações anteriores, o ministro reafirmou que existem elementos que apontam a ocorrência de um genocídio indígena no Brasil ocasionado pela gestão do ex-capitão.
A primeira missão internacional do ministro visa recolocar o Brasil de volta ao protagonismo da agenda de direitos humanos na ONU.
Almeida ainda se comprometeu a reavaliar as 306 recomendações feitas pelo Conselho no último ciclo da revisão periódica universal.
“Precisamos não só erradicar a pobreza, mas também promover a dignidade do trabalho e do lazer”, declarou. “Mesmo os privilegiados vivem de forma insegura e adoecidos por um modo de produzir e distribuir riqueza que não deixa vencedores”.
Em seu discurso, o ministro propôs uma aliança contra o ódio. “Nossos países assistem perplexos a rápida propagação dos discursos de ódio baseados no racismo, na xenofobia, no sexismo, na lgbtfobia. A extrema-direita e o fascismo crescem e se articulam por meio de redes que não conhecem fronteiras”, disse. “É nossa missão fazer com que o amor, a solidariedade e a paz também não conheçam fronteiras”.
O ministro ainda aproveitou o discurso para reforçar e pedir apoio aos outros países para a candidatura do Brasil à vaga no Conselho para o biênio de 2024 e 2026.
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