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Os argumentos do Brasil na ONU ao votar pela ‘retirada imediata’ de tropas russas da Ucrânia

O documento foi aprovado na Assembleia-Geral com 141 votos a favor, 7 contra e 32 abstenções

Os argumentos do Brasil na ONU ao votar pela ‘retirada imediata’ de tropas russas da Ucrânia
Os argumentos do Brasil na ONU ao votar pela ‘retirada imediata’ de tropas russas da Ucrânia
O embaixador Ronaldo Costa Filho, representante do Brasil na ONU. Foto: Reprodução
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A Assembleia-Geral da ONU aprovou nesta quinta-feira 23 uma resolução a exigir a “retirada imediata” das tropas russas da Ucrânia e uma paz “justa e duradoura”.

Com 141 votos a favor (incluindo o do Brasil), 7 contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Nicarágua, Mali e Síria) e 32 abstenções, o documento avalizado na véspera do primeiro aniversário da invasão russa apela à “cessação das hostilidades” e “enfatiza a necessidade de alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia o mais rápido possível, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas”.

“O elemento mais importante da resolução é o apelo à comunidade internacional para redobrar seus esforços para alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, afirmou o embaixador Ronaldo Costa Filho, representante do Brasil na ONU.

Segundo ele, há um “importante elemento humanitário” na resolução, ilustrado pelo “apelo à integral adesão de todas as partes a suas obrigações sob o direito humanitário internacional”.

“Todas as medidas possíveis devem ser adotadas para minimizar o sofrimento da população civil”, prosseguiu. “É hora de iniciar conversas pela paz em vez de estimular o conflito. O Brasil considera o apelo pela cessação de hostilidades como um chamado aos dois lados para interromper a violência, sem pré-requisitos.”

Costa Filho declarou ainda que “nenhuma suposta dificuldade para implementar nosso apelo pela interrupção das hostilidades deve ser vista como um obstáculo para iniciar as negociações”. E emendou: “O Brasil está pronto para participar dos esforços para uma solução duradoura para este conflito”.

Na resolução, o fórum da ONU reiterou o “compromisso” com a “integridade territorial” da Ucrânia. A Assembleia-Geral exigiu que a Rússia “retirasse imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

“É uma maioria esmagadora da comunidade internacional e isso confirma o alto nível do apoio à Ucrânia como vítima da agressão russa”, afirmou o alto representante de Política Externa da União Europeia, Josep Borrell. “É muito mais do que somente o Ocidente”, disse o chanceler ucraniano Dmytro Kuleb.

Desde quarta-feira, representantes de dezenas de países desfilaram na tribuna da ONU para apoiar a Ucrânia. Kuleba, por sua vez, exortou o mundo a escolher “entre o bem e o mal”.

Devido ao veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que impede qualquer decisão sobre a Ucrânia contrária a Moscou, a Assembleia-Geral assumiu as rédeas desse dossiê há um ano.

Esta é a quarta resolução votada na Assembleia-Geral desde a invasão russa. As três resoluções anteriores receberam entre 140 e 143 votos a favor, com cinco países sistematicamente contra (Rússia, Belarus, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e menos de 40 abstenções.

Mais cedo, o vice-ministro ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, afirmou que Moscou está “analisando” as sugestões do presidente Lula (PT) para encerrar a guerra. Em recente viagem a Washington, o petista reforçou a Joe Biden a necessidade de criar um grupo de países que promovam uma nova mesa de negociações para levar o conflito ao fim.

“Tomamos nota das declarações do presidente do Brasil sobre o tema de uma possível mediação, a fim de encontrar caminhos políticos para evitar a escalada na Ucrânia, corrigindo erros de cálculo no campo da segurança internacional com base no multilateralismo e considerando os interesses de todos os atores”, disse Galuzin à agência russa Tass. “Estamos examinando as iniciativas, principalmente do ponto de vista da política equilibrada do Brasil e, claro, levando em consideração a situação ‘no terreno.’”

(Com informações da AFP)

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