Política

Joenia Wapichana assume a Funai: ‘Estes são novos tempos, necessários para o País’

A advogada e ex-deputada federal é a primeira mulher indígena a comandar a fundação

Joenia Wapichana assume a Funai: ‘Estes são novos tempos, necessários para o País’
Joenia Wapichana assume a Funai: ‘Estes são novos tempos, necessários para o País’
Joenia Wapichana, em sua posse como presidente da Funai no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília — Foto: TVBrasil
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A advogada e ex-deputada federal Joenia Wapichana assumiu a presidência da Funai nesta sexta-feira 3. Aos 49 anos, ela é a primeira mulher indígena a chefiar a instituição responsável pela proteção e pela promoção dos direitos dos povos indígenas no Brasil.

A cerimônia de posse aconteceu no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, com a presença das ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meia Ambiente), do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e da governadora em exercício do DF, Celina Leão. Também estiveram no evento diversos representantes de movimentos indígenas, como o líder Raoni Metuktire, e 100 mulheres indígenas de todas as regiões do Brasil.

Atualmente, a Funai integra a estrutura do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas.

Em sua trajetória política, Joenia Wapichana protagonizou outros momentos de pioneirismo na representação dos povos originários: foi a primeira mulher indígena advogada do Brasil, a primeira indígena eleita na história na Câmara dos Deputados e a primeira advogada indígena da história a se pronunciar no plenário do STF, durante a homologação para os limites da Terra Indígena Reserva Raposa Serra do Sol.

No discurso desta sexta, ao relembrar o cenário deixado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), Joenia destacou que este é o marco de uma nova era, para “implementar direitos paralisados” na Fundação.

“A Funai, em vez de estar fechando as portas para os povos indígenas, tem de estar do lado dos povos indígenas, tem de ir no processo não para acusar, mas para proteger. Estes são os novos tempos necessários para o País”, afirmou. Este é o primeiro passo que a gente tem de dar: reorganizar a Funai, fortalecer e buscar orçamento.”

Ela assinalou que a prioridade neste momento é o combate à fome na Terra Indígena Yanomami, que enfrenta uma crise humanitária.

Em sua primeira medida como presidente da Funai, Joenia revogou atos da gestão Bolsonaro e criou novos grupos de trabalho. 

Joenia determinou:

  • a identificação e a delimitação das terras Ka’aguy Porã, no Rio Grande do Sul; Terra Indígena Passo Piraju, no Mato Grosso do Sul; e TI Mucuri, em Minas Gerais;
  • a criação de um Grupo de Trabalho para analisar áreas reivindicadas pelos povos Cassupá e Salamãi, em Rondônia;
  • um GT para recompor as Terras Indígenas Jeju e Areal, no Pará, e as TI Tenondé Porã e Karugwá e Pyhaú, em São Paulo;
  • um estudo das TI Aranã Índios e Aranã Caboclo, em Minas Gerais;
  • duas restrições de uso das áreas Piripkura, em Mato Grosso do Sul, e TI Jacareúba-Katawixi, em Minas Gerais;
  • e uma portaria para criar um GT de apoio às ações de investigação e apoio aos povos yanomamis.

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