Política

Lula aciona o TSE contra privilégio de vídeos pró-Bolsonaro no YouTube

Um estudo do NetLab, da UFRJ, demonstrou que o algoritmo dá preferência à Jovem Pan e a seus conteúdos em defesa do ex-capitão

Foto: Robyn Beck/AFP
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A campanha de Lula (PT) à Presidência acionou o Tribunal Superior Eleitoral a fim de barrar a prática do YouTube de privilegiar a exposição de vídeos favoráveis a Jair Bolsonaro (PL).

Na terça-feira 13, um estudo do NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, demonstrou que o algoritmo da plataforma dá preferência à Jovem Pan e a seus conteúdos em defesa do ex-capitão.

Na ação apresentada ao TSE, os advogados da Coligação Brasil da Esperança questionam quais serão as medidas adotadas pelo YouTube “para fazer cessar a irregularidade assinalada pelo estudo”.

Segundo o NetLab, em 18 visitas-teste o canal da Jovem Pan foi indicado 14 vezes na página inicial do YouTube. Entre os vídeos mais sugeridos está a entrevista de Bolsonaro ao programa Pânico em 26 de agosto, recomendada oito vezes, em cinco versões diferentes. As gravações somam 9,6 milhões de visualizações. 

“A conclusão do estudo, portanto, é de que a plataforma pertencente à Google Brasil, o YouTube, possui certa predileção aos conteúdos da Rede Jovem Pan na hora de recomendar vídeos de ‘conteúdo informativo’ ao seu usuário de ‘primeira viagem'”, diz um trecho da ação da campanha lulista. “A Rede Jovem Pan, por sua vez, tem evidente tendência ideológica, sendo feroz crítica dos candidatos pela Coligação Brasil da Esperança e complacente com o sr. Jair Bolsonaro, que contava inclusive com a ‘parceria’ da rede de comunicação para retransmitir suas ‘lives‘ semanais.”

Os advogados ainda argumentam que o Google “viola o Memorando de Entendimentos assinado junto a essa e. Corte Eleitoral, pois não cumpre com a parte de conceder acesso aos seus usuários a um contexto amplo de informações de fontes confiáveis”.

A fim de realizar os testes, o laboratório da UFRJ criou contas na plataforma e acessou a página inicial do YouTube em diferentes datas e horários, recorrendo ao uso de uma aba anônima e de uma ferramenta para ocultar o IP. Assim, os novos perfis não possuíam um rastro digital a influenciar as sugestões. 

Os conteúdos do grupo Jovem Pan apareceram em primeiro lugar entre os sugeridos em 55% das visitas, à frente de portais como UOLFolhaCNN Brasil e Band. Além da entrevista de Bolsonaro ao Pânico, o YouTube privilegia a recomendação de vídeos com ataques a Lula.

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