Política
Petista assassinado previa policiais de esquerda como as ‘primeiras vítimas’ da violência política
‘Eles seriam os primeiros a cair, segundo ele’, narra professor que participou de palestra com Marcelo Arruda em maio


O guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR) assassinado por um bolsonarista no último final de semana, temia que agentes de segurança de esquerda fossem “as primeiras vítimas” de uma nova fase da violência política no Brasil.
O professor de Direito Fábio Vargas narrou à BBC News Brasil os detalhes de uma palestra da qual ele e Arruda participaram, em 14 de maio. O evento era intitulado “Oficina da Juventude Contra a Violência”.
“O que ele falou nesse próprio evento é que policiais de esquerda como ele é que seriam as primeiras vítimas numa eventual escalada autoritária no País“, disse Vargas. “Eles seriam os primeiros a cair, segundo ele explicou no seminário, para evitar que repassassem conhecimento estratégico a uma resistência democrática.”
Segundo o professor, Arruda participava de debates sobre segurança pública, moradia e assistência social em Foz do Iguaçu e avaliava que, como um policial de esquerda, “estaria mais visado” com a conduta que Jair Bolsonaro (PL) “vem tentando implantar no País, criminalizando a postura da esquerda, invocando uso de armas e incentivando a sua militância a ser aguerrida”.
O policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, que matou Marcelo Arruda, segue internado na UTI do Hospital Ministro Costa Cavalcante.
Na tarde desta terça-feira 12, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que ele está “sedado em assistência ventilatória mecânica, hemodinamicamente estável”.
Arruda comemorava seus 50 anos com uma festa temática do PT quando foi alvejado por Guaranho. O petista, que também estava armado, ainda conseguiu revidar.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil do Paraná, a expectativa é de concluir o inquérito policial sobre o homicídio na próxima terça-feira 19.
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