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PSOL pede que MP investigue promotora que atuou no caso da criança vítima de estupro

Os deputados pedem averiguação a conduta de Mirela Dutra Alberton, que chegou a dizer à criança que, em caso de aborto, o feto ‘morreria agonizando’

PSOL pede que MP investigue promotora que atuou no caso da criança vítima de estupro
PSOL pede que MP investigue promotora que atuou no caso da criança vítima de estupro
Créditos: Divulgação/PM de Garopaba
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O PSOL protocolou uma representação na corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público contra a Promotora de Justiça da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Tijucas/SC,  Mirela Dutra Alberton. Os deputados pedem averiguação da conduta da promotora – que atuou, em conjunto com a juíza Joana Ribeiro Zimmer, no caso da criança grávida de 11 anos impedida de realizar o aborto legal.

Na peça, os deputados afirmam que Alberton atuou para ‘restringir ilegalmente’ a liberdade da criança e que encampou a decisão da juíza Zimmer de vincular a proteção da criança à proteção do feto, o que acabou por gerar que a criança fosse levada a um abrigo e retirada do convívio familiar. “Odiosa decisão que tratou uma criança vítima de estupro como mera incubadora do feto que trazia consigo”, destacam.

Também condenam o fato de a promotora ter promovido questionamentos à criança ’em defesa explícita da manutenção da gravidez e do parto antecipado’, ’em total desconsideração aos possíveis danos de ordem física e psicológica resultantes, bem como ao direito assegurado na legislação às vítimas de violência sexual’.

Durante audiência do caso, Mirela Dutra Alberton chegou a questionar a criança se ela toparia manter a gestação por mais duas semanas para que o bebê tivesse chance de sobreviver e expõe à criança uma interpretação errônea de que, em caso de aborto, o bebê nasceria vivo e agonizaria fora de sua barriga.

Em vez de a gente tirar ele da tua barriga e ele morrer ali agonizando, porque é isso que acontece, porque o Brasil não concorda com eutanásia, porque o Brasil não tem, não vai dar um medicamento pra ele. Ele vai nascer chorando”, disse. Após a divulgação do caso, a promotora afirmou, em nota, não saber que o aborto é realizado de forma que o feto saia do útero sem batimentos cardíacos.

Os postulantes reafirmam que a interrupção da gravidez é permitida pela legislação brasileira em três casos: quando há risco de vida à gestante, quando a gravidez é resultado de violência sexual, e quando há diagnóstico de anencefalia cerebral e acrescentam que, nesses casos, a realização do procedimento não depende de decisão judicial. Também reiteram que, se tratando de vítimas com menos de 14 anos de idade, se caracteriza o crime de estupro de vulnerável, previsto no Código Penal.

Para os parlamentares, a promotora e magistrada não só não observaram a lei como se basearam em uma orientação ministerial para chegar à conclusão errônea de que a partir da 22ª semana de gestação não seria possível interrompê-la.

Os representantes do partido pedem a instauração de um processo administrativo disciplinar contra a promotora para aplicação de penalidade cabível. A peça leva a assinatura da líder do PSOL, a deputada Sâmia Bomfim, bem como de outros parlamentares da sigla.

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