Economia

assine e leia

Cerco à Petrobras

A Bolsa de Valores reage mal a outra troca no comando da petroleira

Cerco à Petrobras
Cerco à Petrobras
Imagem: Fernando Frazão/ABR
Apoie Siga-nos no

O mercado recebeu com usual desagrado e ansiedade a mais uma troca de presidente da Petrobras no governo Bolsonaro, em nova tentativa de alterar a política de reajuste dos preços dos combustíveis. Apenas 39 dias após assumir, José ­Mauro ­Coelho foi demitido, por telefone, na noite da segunda-feira 23. O substituto será Caio Mário Paes de Andrade, secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, indicado pelo ministro Paulo Guedes. As ações preferenciais caíram 12,71% e as ordinárias (com direito a voto), 11,93%, no pregão do dia seguinte. “A incerteza cresce em relação à continuidade da política de preços da empresa e cresce a percepção de risco”, avalia Romero de Oliveira, head de Renda Variável da Valor Investimentos. Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, confia que os estatutos da estatal barram mudanças radicais, mas não descarta medidas para “espaçar os ajustes para, digamos, um mês, três ou seis meses”, em benefício da campanha à reeleição de Bolsonaro. Não à toa, o papel está, relativamente, barato: sua razão preço/lucro é de apenas 3, enquanto os preços de Exxon e Chevron representam 15 vezes o lucro, e o da Shell, 11, na apuração da publicação especializada norte-americana MarketWatch.

Imagem: Abrasel-SP


DAVOS EM CLIMA DE GUERRA

Imagem: Járdány Bence/Greenpeace

Crises geopolíticas e riscos de estagflação mundial dominaram a abertura do Fórum de Davos, mas, no mínimo, um terço da programação trata do aquecimento global, anotou a Bloomberg. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, participou de painel sobre a Amazônia, ao lado do presidente da Colômbia, Ivan Duque. O ministro da Economia, Paulo Guedes, debateu a administração da dívida pública global. Discute-se no resort suíço se um eventual calote da dívida russa pode contaminar outros mercados emergentes e instituições financeiras. Crise alimentar e protecionismo são outras fontes de preocupação.


OTIMISMO

Imagem: iStockphoto

Mesmo com inflação e juros nas alturas, a Intenção de Consumo das Famílias apresentou, em maio, a quinta alta mensal consecutiva e a mais intensa do ano, de 4,4%. Apesar de ainda estar abaixo do nível de satisfação (100 pontos), registrando 79,5 pontos, o índice apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo alcançou o maior patamar desde maio de 2020, com crescimento de 17,7% na comparação anual. Todos os componentes do ICF apresentaram alta, com destaque para Emprego Atual, que registrou a maior pontuação, 105,8, com variação mensal positiva de 4,1%.


EM BAIXA

Imagem: iStockphoto

A B3 concluiu a revisão dos dados sobre investimento estrangeiro, e o que era um superávit de 70,8 bilhões de reais no mercado secundário, indicando ponderável apetite dos gringos, tornou-se um déficit de 7,2 bilhões. Considerando também o mercado de IPOs, o saldo líquido caiu 60%, de 102,3 bilhões para 41,5 bilhões de reais. “A grande questão é sobre a credibilidade da B3 e se essa informação que ela divulga continuará a ser utilizada e relevante para o investidor local no seu processo de tomada de decisão com caráter mais especulativo”, avalia o analista Filipe Viegas, da ­Genial Investimentos.


GREENWASHING

Imagem: iStockphoto

Grupos ambientalistas holandeses ajuizaram ação contra a KLM. Alegam que a gigante da aviação holandesa engana o público sobre a sustentabilidade dos seus voos, ou seja, faz o chamado greenwashing. Eles sustentam que as campanhas publicitárias e esquemas de “compensação” da KLM promovem a falsa impressão de que seus voos são sustentáveis. No ano passado, ao julgar ação de ambientalistas, a corte distrital de Haia determinou à Shell estabelecer metas mais ambiciosas de corte na emissão de gases de efeito estufa. Segundo a CNBC TV, mais de 2 mil ações similares foram movidas nos últimos 20 anos.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1210 DE CARTACAPITAL, EM 1° DE JUNHO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Cerco à Petrobras”

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo