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Após 32 anos, McDonald’s vai vender seu negócio na Rússia, mas manterá marcas registradas no país

CEO da rede americana diz que é impossível ignorar crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia

Após 32 anos, McDonald’s vai vender seu negócio na Rússia, mas manterá marcas registradas no país
Após 32 anos, McDonald’s vai vender seu negócio na Rússia, mas manterá marcas registradas no país
McDonald’s em Moscou, na Rússia. Foto: AFP
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Após mais de três décadas na Rússia, o McDonald’s — um ícone do estilo de vida americano e do capitalismo — está vendendo seu negócio no país onde planeja deixar de operar por completo em consequência à guerra na Ucrânia.

A decisão é representa um fechamento relevante para a marca cujo crescimento global se tornou símbolo da globalização e até mesmo base para uma teoria sobre a paz mundial. Com o racha nas aspirações globalistas nos últimos anos em meio à pandemia do novo coronavírus e a tensões geopolíticas, a invasão da Ucrânia pela Rússia acabou pressionando diversas companhias que esperavam poder operar normalmente, ao invés de ter de agir.

Sob crescente pressão de funcionários e consumidores, muitas marcas e redes de restaurantes decidiram parcialmente — ou totalmente — suspender suas operações na Rússia. Poucos, porém, deixaram de vez o país pela preocupação com seus empregados e pela dificuldade de reativar a atividade em caso de retorno.

O McDonald’s disse em março que interromperia temporariamente suas operações em território russo, a exemplo do que fizeram outras várias cadeias do setor, incluindo Starbucks e Yum Brands, dona de KFC e Pizza Hut. Muitos funcionários e ativistas pressionaram por uma suspensão total.

“Este é um assunto complicado, sem precedentes e com profundas consequências”, afirmou Chris Kempczinski, CEO do McDonald’s, em uma mensagem enviada aos franqueados, empregados e fornecedores a qual o New York Times teve acesso.

O executivo ainda acrescentou: “Alguns podem argumentar que prover acesso a comida e manter os empregos de dezenas de milhares de cidadãos é a coisa certa a ser feita. Mas é impossível ignorar a crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia. E é impossível imaginar a Arcos Dourados representando a mesma esperança e expectativa que nos levaram a entrar no mercado russo 32 anos atrás”.

O McDonald’s planeja vender sua operação para um comprador local, retirando a marca dessa rede, o que significa que esses restaurantes não vão mais usar o nome, a logo nem a marca de propriedade da Arcos Dourados. A companhia disse em um comunicado que sua “prioridade inclui atuar para assegurar que os empregados do McDonald’s na Rússia continuem sendo pagos até que a transação esteja completa e eles tenham um futuro com um comprador da rede em potencial”.

As marcas registradas na Rússia serão mantidas.

Como resultado dessa decisão, a Rússia vai registrar uma perda de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,4 bilhão e reconhecer “perdas pela conversão de moedas estrangeiras”, informou o McDonald’s também em comunicado.

A entrada do McDonald’s na Rússia teve início na Olimpíada de Montreal, no Canadá, em 1976, escreveu Kempczinski em sua mensagem para os fraqueados, quando a rede permitiu que o time olímpico russo utilizasse o ônibus Big Mac. Depois de 14 anos, em janeiro de 1990, o McDonald’s abriu em Moscou.

“Na história do McDonald’s, foi um de nossos mais estimados e incríveis marcos”, escreveu o executivo. “Após quase meio século de animosidade na Guerra Fria, a imagem dos Arcos Dourados brilhando sobre a Praça Pushkin significou para muitos, dos dois lados da Cortina de Ferro, o início de uma nova era”, complementou.

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