Política

Presidente do Republicanos diz que ‘nunca cogitou’ ficar fora de palanque de Bolsonaro

Sigla que integra a base aliada pretende lançar candidatura de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo e de Damares Alves, que ainda não definiu o cargo que vai disputar

Presidente do Republicanos diz que ‘nunca cogitou’ ficar fora de palanque de Bolsonaro
Presidente do Republicanos diz que ‘nunca cogitou’ ficar fora de palanque de Bolsonaro
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

Sem a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), dois dos ministros mais populares do governo, Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), se filiaram nesta segunda-feira ao Republicanos. Aguardado no evento, o presidente foi representado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Mais cedo, o governo confirmou as demissões do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna.

Integrante da base aliada do governo, o Republicanos deu sinais públicos de insatisfação com o Bolsonaro nos últimos meses por avaliar que a legenda estava sendo prejudicada nas novas filiações de aliados. Nos bastidores, alguns integrantes da sigla chegaram a ameaçar retirar o apoio à reeleição do presidente.

Nesta segunda-feira, no entanto, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirmou que a legenda nunca cogitou sair do palanque de apoio a Bolsonaro:

— O Republicanos vai estar com Bolsonaro? Nunca cogitamos diferente disso. Evidentemente temos divergência, e isso é importante a divergência. Poucas são as divergências.

Citando o PL, partido de Bolsonaro, e o PP, um dos principais partidos da base de apoio do governo, Damares afirmou que a divisão de aliados nas legendas era por obrigação da lei eleitoral.

— Nós estamos divididos nos últimos dias em siglas porque a lei nos obriga a estarmos em siglas. Eu estou hoje no Republicanos. Mas nos últimos dias, a gente não sabe mais nessa onda verde e amarela que tomou conta do Brasil, quem é Republicanos, PL, PP. O Brasil quer ser conservador.

Damares afirmou que recebeu convites de filiação de outros partidos, mas que seu “coração sempre foi” do Republicanos. Ela disse que só anunciará o cargo e o estado pelo qual disputará a eleição na quinta-feira, quando deixará o governo. Embora tenha afirmado que o anúncio será feito no Amapá, estado com que diz ter uma relação mais estreita, a ministra afirmou que Sergipe, Roraima e Distrito Federal seguem como opções para ela. A decisão, segundo Damares, depende de Bolsonaro.

– Quem manda na decisão é o capitão (Bolsonaro). E eu preciso que o capitão bata o martelo, quem mando no meu destino político – disse.

A ministra confirmou que indicou a secretária nacional de Políticas para Mulheres, Cristiane Brito, para substituí-la. Segundo ela, a primeira-dama também apoio a a escolha,

— O presidente gosta muito da secretária e eu acredito que será homologado. A primeira-dama é parceira, é amiga e a Cristiane, que desenvolveu um trabalho muito grande nesse período, inclusive em parceria em muitos projetos e programas com a primeira-dama. Estamos só esperando o capitão bater o martelo, onde eu serei candidata, como e a nomeação da nossa querida secretária Cristiane – disse Damares.

Em seu discurso, a ministra repetiu uma de suas frases mais polêmicas de todo o governo:

— No Republicanos, menino veste azul e menina veste rosa — disse ela ao receber camisetas do presidente do Republicanos, Marcos Pereira.

O vice-presidente Hamilton Mourão, que também se filiou ao Republicanos para disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul, participou do evento. Ainda estiveram presentes os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho), Gilson Machado (Turismo), João Roma (Cidadania) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

O intérprete de libras do presidente Bolsonaro, Fabiano Guimarães Rocha, também se filiou ao Republicanos nesta segunda-feira. Ele deve disputar uma cadeira de deputado federal pelo Distrito Federal.

Tarcísio, pré-candidato ao governo de São Paulo, começou a cumprir agenda de campanha antes mesmo de definir o partido a qual se filiaria. Aliados do ministro dizem que ele não se sentia confortável em se filiar ao PL, de Valdemar Costa Neto, que recebeu inúmeros bolsonaristas desde a chegada do presidente Bolsonaro ao partido.

O PL comandou o antigo Ministério dos Transportes, que cuidava das áreas que hoje estão sob o guarda-chuva da pasta da Infraestrutura, chefiada por Tarcísio. No período em que a legenda de Costa Neto geria o ministério, entre 2003 e 2018, portanto nas gestões de Lula e de Dilma Rousseff, do PT, e de Michel Temer, do MDB, a pasta foi alvo de diversas denúncias de corrupção.

O ministro disse que sua ida para o Republicanos ajudou a fechar definitivamente o apoio do legenda comandada pelo deputado Marcos Pereira (SP) à candidatura do presidente Bolsonaro.

– Foi uma boa conversa que tivemos, era importante agregar uma força política expressiva. No final das contas com esse movimento trazíamos o Republicanos para essa composição nacional. Acho que foi só um ingrediente a mais pra fechar definitivamente o apoio do Republicanos ao presidente – disse o ministro, que confirmou que será substituído pelo secretário-executivo Marcelo Sampaio.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo