CartaExpressa
‘Não tem esse negócio de ensinar que nasceu homem, mas pode ser mulher’, diz ministro da Educação
No início do ano, Milton Ribeiro foi denunciado ao STF após dizer que adolescentes homossexuais têm origem em ‘famílias desajustadas’


O ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu a transexualidade a um ‘caminho errado nas escolas’ e afirmou que, como chefe do MEC, não permitirá que ‘ninguém violente a inocência das crianças das escolas públicas’.
“Nós não vamos permitir que a educação brasileira vá para um caminho de ensinar coisas erradas para as crianças. Coisa errada se aprende na rua. Dentro da escola temos que aprender o que é o caminho bom, o correto, o civismo, o patriotismo, as coisas certas”, disse na terça-feira 8 o ministro , que alegou querer “cuidar das crianças”.
“Não vou permitir, enquanto eu for ministro, que ninguém violente a inocência das crianças das escolas públicas. Não tem esse negócio de ensinar ‘você nasceu homem, mas pode ser mulher’, acrescentou.
As declarações ocorreram durante cerimônia de lançamento do reality show ‘Merendeiras do Brasil’, uma iniciativa do MEC em parceira com o FNDE.
“Nós não vamos permitir crianças de 6 a 10 anos… Que um professor chegue na sala e diga que se ele nasceu homem, se quiser ser mulher, pode ser mulher”, insistiu. “Isso eu falo publicamente mesmo, por isso que meu processo já está lá no STF. Eu não tenho vergonha de falar isso. Não tenho compromisso com o erro.”
Milton Ribeiro foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela PGR em janeiro deste ano por homofobia. A denúncia se baseia em uma entrevista do ministro ao jornal O Estado de S.Paulo, em setembro de 2020, na qual o bolsonarista afirmou que adolescentes homossexuais têm origem em “famílias desajustadas”. Posteriormente, ele pediu desculpas e sugeriu “descontextualização”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.