Mundo

Congresso peruano aprova posse do quarto gabinete de Castillo em sete meses

Castillo teve que mudar sua equipe ministerial três vezes desde que assumiu o cargo em 28 de julho de 2021, um recorde que reflete o atrito na frágil coalizão governante de esquerda no país

Congresso peruano aprova posse do quarto gabinete de Castillo em sete meses
Congresso peruano aprova posse do quarto gabinete de Castillo em sete meses
O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Sebastian Castaneda/X07403/ AFP
Apoie Siga-nos no

O novo gabinete ministerial do presidente do Peru, Pedro Castillo, o quarto em sete meses, recebeu na madrugada desta quarta-feira um voto de confiança importante no Congresso, que permite sua permanência no cargo em meio ao pedido de um bloco de parlamentares de direita que insistem em destituir o chefe de Estado.

Após um longo debate de mais de sete horas, o Congresso, dominado pela oposição de direita, deu o voto de confiança ao gabinete liderado pelo advogado Aníbal Torres, com 64 votos a favor, 58 contra e duas abstenções.

“A questão de confiança do senhor Aníbal Torres, presidente do Conselho de Ministros, foi aprovada”, anunciou a presidente do Congresso, María del Carmen Alva, após a contagem dos votos às 1h30 (3h30 de Brasília).

Um total de 127 dos 130 congressistas compareceram à sessão plenária. A equipe de 19 ministros precisava do apoio de metade mais um dos parlamentares presentes, o equivalente justamente a 64 votos.

Castillo tinha a seu favor a fragmentação do Congresso, no qual o partido governista, Peru Livre, tem 37 cadeiras, mas é superado pela oposição de direita.

Se o Parlamento rejeitasse o voto de confiança, Torres e seus ministros teriam que renunciar e Castillo precisaria formar um quinto gabinete.

Torres, que Castillo nomeou há um mês, foi ao Congresso para apresentar a política geral do governo e conseguir a formalização de sua posse por meio de um voto de confiança, conforme exige a Constituição peruana.

Ele defendeu consensos entre o governo e o Congresso ao pedir o voto de confiança no gabinete ministerial.

“Deve-se construir consensos apelando para o diálogo. Temos que enfrentar todos os males juntos, somos todos peruanos, e se amamos o Peru, amamos o seu povo. Temos que chegar a um consenso para superar esses males”, disse Torres no início de sua apresentação no plenário do Congresso.

A incerteza pairava sobre o resultado da votação, porque o governo não contava com apoio suficiente entre os parlamentares, segundo a imprensa.

Castillo teve que mudar sua equipe ministerial três vezes desde que assumiu o cargo em 28 de julho de 2021, um recorde que reflete o atrito na frágil coalizão governante de esquerda.

Além disso, há questões sobre acusações de corrupção que a promotoria está investigando.

O atual ministro da Saúde, Hernán Condori, é repudiado por sindicatos médicos e partidos de oposição no Peru, país com a maior taxa global de mortalidade por Covid e que ainda sofre os estragos da pandemia. Em dois anos, foram registradas mais de 211.000 mortes e 3,52 milhões de infecções.

A oposição parlamentar prepara uma eventual moção para votar a destituição do presidente por “incapacidade moral permanente”, que poderia ser apresentada para debate esta semana. Em dezembro, uma tentativa semelhante fracassou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo