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Moraes determina que PGR se manifeste sobre relatório que investiga Bolsonaro

Procedimento apura se o presidente disseminou notícias falas envolvendo as eleições de 2018

Moraes determina que PGR se manifeste sobre relatório que investiga Bolsonaro
Moraes determina que PGR se manifeste sobre relatório que investiga Bolsonaro
Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro. Fotos: Nelson Jr./STF e Evaristo Sá/AFP
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O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou o envio da investigação que apura suposta disseminação de fake news pelo presidente Jair Bolsonaro à Procuradoria-Geral da República. No despacho, o ministro determina que o órgão deverá se manifestar sobre o relatório de investigação da Polícia Federal no prazo de 15 dias.

O encaminhamento da conclusão final de investigação à PGR é uma medida de praxe. Agora caberá decidir se há elementos suficientes para a abertura de uma ação penal contra o presidente.

Caso a PGR entenda pela abertura de um processo, o Congresso deverá autorizar o prosseguimento da apuração pelo STF.

Em agosto, após afirma inúmeras vezes que houve fraude nas eleições de 2018, o presidente Bolsonaro apresentou em uma live uma série de documentos que comprovariam uma suposta falha nas urnas eletrônicas, repercutindo notícias falsas e informações já desmentidas.

Alguns dos documentos apresentados faziam parte de um inquérito sigiloso, que poderiam colocar o sistema eleitoral em risco, segundo ministros do TSE.

A Polícia Federal conclui que Bolsonaro teve atuação “direta e relevante” para a disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Segundo a delegada federal Denisse Ribeiro, Bolsonaro teria aderido “a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”.

O relatório final afirma que os depoimentos colhidos “permitiram verificar que o processo de preparação e realização da live foi feita de maneira enviesada, isto é, procedeu-se a uma busca consciente por dados que reforçassem um discurso previamente tendente a apontar vulnerabilidades e/ou possíveis fraudes no sistema eleitoral, ignorando deliberadamente a existência de dados que se contrapunham a narrativa desejada, quase todos disponíveis em fontes abertas ou de domínio de órgãos públicos”.

Na decisão, Moraes ainda determina outras duas providências: a autorização para que a Polícia Federal utilize provas colhidas no inquérito que apura a atuação de milícias digitais e ataques às instituições que possam indicar que o presidente Bolsonaro distorceu informações sobre as urnas eletrônicas em live; e determinou, também, o envio de dados presentes no inquérito administrativo que apura os ataques ao sistema eleitoral pelo presidente ao Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo o ministro, “os elementos de prova colhidos nesta investigação, portanto, interessam ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no âmbito de suas competências, têm atribuição para apurar e requerer medidas em face dos fatos investigados”.

Desde eleito, o presidente tem feito reiterados ataques ao sistema eleitoral e as instituições brasileiras, principalmente ao STF e seus ministros, colocando e dúvida a lisura do processo eleitoral e a capacidade dos integrantes da Corte.

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