Educação

Número de crianças que não sabem ler e escrever aumentou 65% na pandemia, diz ONG

Crianças pretas entre 6 e 7 anos são as mais atingidas: 47,7% não haviam sido alfabetizadas em 2021

CRÉDITOS: EBC
Apoie Siga-nos no

Um levantamento da ONG Todos pela Educação, divulgado nesta terça-feira 8, aponta que o Brasil atingiu o maior patamar, desde 2012, de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever. 

Ao todo, 40,8% das crianças nessa faixa etária não foram alfabetizadas, o que representa quase 2,4 milhão de crianças. 

Na pesquisa anterior, encontravam-se na mesma condição cerca de 1,4 milhões de crianças nesta faixa etária. O que significa que em um ano houve um crescimento de 15,7 pontos percentuais quando comparado com 2020 e 65,6% em comparação com os números de 2019.

O cenário é ainda mais preocupante quando se observa pelo recorte racial. Entre as crianças negras, o valor sobe para 47,7%. 

A pandemia foi, novamente, um dos fatores que escancararam as desigualdades. Além de crianças pretas e pardas terem tido menos acesso à educação à distância, foram os mais prejudicados pelos fechamentos das escolas. 

“Os dados reforçam o que outras pesquisas já apontaram, a pandemia teve impactos brutais no aprendizado das crianças e reforçou as imensas desigualdades que já existiam no país. É urgente colocar em prática políticas que tenham como prioridade o ensino das crianças mais pobres, pretas e pardas”, diz Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação.

O levantamento também traz um alerta sobre o futuro.

“A evasão escolar já é maior entre pretos e pardos. Se não houver políticas públicas para reparar as aprendizagens dessas crianças, em alguns anos esse pode ser mais um dos motivos que vai levá-las a abandonar a escola”, diz o gerente.

A pesquisa divulgada pela ONG usou como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo IBGE. Foi analisada a faixa etária dos 6 ao 7 anos, dado que, por lei, este é o período determinado para que crianças sejam alfabetizadas no País. 

Atuação governamental

Desde o início da pandemia causada pela Covid-19, o governo federal junto com o Ministério da Educação, não desenvolveram nenhum programa ou previram a distribuição de verbas extras para reverter os impactos no aprendizado das crianças brasileiras. 

Com a ausência da União, estados se mobilizaram financeiramente para suprir a demanda. 

“As escolas municipais são responsáveis pela maioria das matrículas nos anos iniciais do fundamental, mas não podemos achar que o desafio é só ter as crianças dentro da sala de aula, precisamos garantir educação de qualidade. E os estados precisam ajudar”, afirma Corrêa. 

 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo