Justiça

Alexandre de Moraes manda Polícia Federal ouvir Abraham Weintraub

Na semana passada, ele mandou abrir investigação preliminar por acusações sem provas de Weintraub a ministro do STF

Alexandre de Moraes manda Polícia Federal ouvir Abraham Weintraub
Alexandre de Moraes manda Polícia Federal ouvir Abraham Weintraub
Foto: Marcos Corrêa/PR
Apoie Siga-nos no

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) ouvir, em até cinco dias, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. De acordo com Moraes, Weintraub deu uma entrevista na qual são veiculadas “diversas informações falsas acerca da atuação do Supremo Tribunal Federal e de condutas relacionadas a um de seus membros”.

Moraes também deu 48 horas para que o Youtube disponibilize “a íntegra do material relacionado à entrevista”. Determinou ainda que o processo seja encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que, em dez dias, se manifeste e peça as medidas que entender necessárias.

Na semana passada, Moraes abriu uma investigação preliminar para apurar as declarações dadas pelo ex-ministro da Educação em entrevista ao podcast “Inteligência Ltda”. Sem apresentar provas, Weintraub disse que um dos dez ministros do STF que lhe negaram habeas corpus tentou comprar a sua casa num condomínio fechado, mesmo sem ela estar à venda. Segundo Weintraub, esse ministro do STF alegou que o ex-ministro da Educação, que estava nos Estados Unidos e era alvo de investigação na Corte, não voltaria mais ao Brasil.

A decisão de Moraes de abrir uma investigação preliminar foi tomada no chamado “inquérito das fake news”, que apura ataques e ameaças ao STF. Ele determinou que uma petição contendo o trecho da entrevista de Weintraub fosse separada num procedimento próprio. Ainda não se trata de um inquérito, mas de uma etapa prévia. A partir daí, poderão ser tomadas medidas para a apuração da conduta de Weintraub.

No último despacho, Moraes destacou que, “em uma primeira análise”, as condutas de Weintraub “se assemelham às investigadas no âmbito” do inquérito das fake news. Assim, “se mostra necessária a adoção de medidas destinadas à completa elucidação dos fatos.”

Na entrevista, o ex-ministro da Educação disse que ele foi chamado de covarde por ter fugido para os Estados Unidos para não ser preso pelo STF. A Corte nunca chegou a determinar a prisão dele, mas Weintraub via essa possibilidade. Ele tinha passado a ser investigado por ataques feitos em 2020 ao STF. Em maio daquele ano, o então ministro da Justiça, André Mendonça, que hoje é ministro do STF, pediu à Corte a suspensão da investigação, o que foi negado.

— Eu vou contar um outro detalhe picante. Moro numa casa, num condomínio fechado, uma casa boa. Um juiz do STF estava procurando casa na região, dentro do condomínio. Viu a minha casa e falou: “Pô, casa bonita, hein, de quem é?” Falaram: “Abraham Weintraub.” “Pergunta para ele se não quer vender para mim” — disse Weintraub na entrevista, continuando:

— “Não tá à venda.” “Pergunta se quer vender para mim, já que ele não vai mais voltar ao Brasil.” O que acha disso? É adequado?

O entrevistador do programa diz então que isso é grave. Weintraub responde:

— Isso é grave? E todo o resto que falamos aqui? É anedótico. É piada pronta.

O STF já julgou e negou alguns habeas corpus de Weintraub. Esses julgamentos tiveram a participação de todos os ministros do STF, exceto Moraes, porque os pedidos questionavam decisões tomadas por ele no “inquérito das fake news”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo