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Ao se desligar do Ministério Público, Deltan recebeu R$ 191 mil de férias
Atualmente, além da remuneração como dirigente partidário, Deltan vende cursos de ‘combate à corrupção’ na internet
O ex-procurador Deltan Dallagnol recebeu 191 mil reais do Ministério Público em dezembro de 2021. O valor é referente a uma indenização por férias não gozadas durante o período em que comandou a força-tarefa da Operação Lava Jato. A remuneração do hoje político filiado ao Podemos foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira 21.
Ao jornal, o ex-procurador não mostrou qualquer constrangimento moral com a remuneração recebida. Ele alega que o pagamento feito pelo MP a ele ao se desligar está dentro da legalidade.
“Férias não gozadas devem ser, por força de lei, indenizadas”, explicou Dallagnol. A mesma legalidade foi também a justificativa da Procuradoria do Paraná, que alegou que todas as informações que poderia disponibilizar sobre a remuneração já estavam no Portal da Transparência.
Dallagnol, além dos 191 mil reais, recebeu em dezembro outros 17 mil reais como parte do 13º salário e de gratificação natalina. Ele deixou o cargo de procurador, pelo qual recebia 34 mil mensais, em 4 de novembro.
Atualmente Dallagnol integra a diretoria paranaense do Podemos, onde recebe 15 mil reais mensais, segundo ele mesmo afirmou em publicação. Na crise instalada no Podemos nos últimos dias, causada pela rejeição de parlamentares da legenda à candidatura de Sergio Moro, Deltan poderá assumir a presidência do diretório estadual do partido. Seu colega de Lava Jato pode acabar abrigado no União Brasil.
Além da remuneração como dirigente partidário, Deltan vende cursos de ‘combate à corrupção’ na internet. Vale lembrar ainda que o provável candidato à deputado federal também está envolvido diretamente no caso de pagamento ilegal de diárias e passagens a procuradores da Operação Lava Jato. Na ocasião, membros do MP recebiam altos valores de reembolso por viagens a locais onde já residiam, Deltan era um deles. O caso está nas mãos de Bruno Dantas, no Tribunal de Contas da União. O mesmo ministro é quem lidera a investigação contra Moro.
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