Economia

Os 10% mais ricos do Brasil detêm quase 60% da renda nacional, diz estudo

De acordo com levantamento, os 50% mais pobres viram sua participação já pequena reduzir

O Brasil gasta pouco para um país que pretende reduzir as desigualdades
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A pandemia da Covid-19 fez a desigualdade aumentar ainda mais no Brasil. Dados divulgados nesta terça-feira 7 pelo The World Inequality Report 2022, que monitorou a desigualdade em todo o mundo, mostram que os 10% mais ricos do Brasil passaram a deter quase 60% da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres viram sua participação já pequena reduzir ainda mais.

O levantamento é do Laboratório das Desigualdades Mundiais, vinculado ao economista Thomas Piketty, da escola de economia de Paris.

Os dados indicam que os 10% mais ricos no Brasil, que em 2019 concentravam 58,6% de toda a renda nacional, agora detém 59% dos ganhos. Já a metade da população mais pobre era responsável por 10,1% da renda brasileira e agora representa uma fatia de apenas 10%.

Reduzindo o grupo dos mais ricos, a desigualdade fica ainda mais evidente: 1% da população mais rica do País é responsável por concentrar mais de um quarto (26,6%) de todo o ganho nacional. Este mesmo 1% concentra 48,9% da riqueza patrimonial brasileira. De acordo com o relatório, essa participação foi alavancada pela pandemia, já que antes da Covid-19, era de 48,5%. A mesma tendência foi observada em todo o mundo.

“A riqueza global dos bilionários aumentou mais de 50% entre 2019 e 2021”, destacam os pesquisadores em um trecho do estudo. Em valores, o aumento significa um acréscimo de 3,7 trilhões de dólares na riqueza do pequena grupo, fazendo com que a fortuna dos bilionários passasse a ser equivalente aos orçamentos de saúde do mundo todo neste período.

Na outra ponta, durante a pandemia da Covid-19, os dados retrocederam a níveis piores do que os registrados no século passado. Segundo o relatório, a renda dos 50% mais pobres no mundo atualmente é equivalente a metade do que era em 1820.

Brasil nas piores colocações

No ranking geral, o Brasil ocupa a 11ª posição entre os piores países do mundo quando o assunto é desigualdade. O País, de acordo com o relatório, é o segundo mais desigual da América Latina, atrás apenas do Chile, que tem leves diferenças nos índices.

O Brasil é também mais desigual do que as duas maiores economias mundiais: Estados Unidos, onde 45% da riqueza está nas mãos dos 10% mais ricos, e China, onde a parcela mais abastada concentra 42% da renda do País.

O mesmo levantamento também mostra o Brasil em penúltimo lugar se comparado com os países que integram o G20. O último colocado é a África do Sul, onde os 10% mais ricos concentram 66,5% da renda nacional.

Possíveis soluções

O estudo, além de monitorar o avanço da desigualdade, sugeriu opções de políticas para redistribuir renda e riqueza. As alternativas, segundo o texto, seriam a taxação progressiva de multimilionários e a ampliação de programas de distribuição de renda, como foi o Bolsa Família durante todo o início dos anos 2000.

Para o Brasil, os autores afirmam que ‘falta de uma reforma fiscal ambiciosa’, que pudesse tornar ‘o sistema tributário mais progressivo’. Cobrança de imposto sobre dividendos, aumento da tributação sobre heranças e taxação progressiva do estoque de capital, incluindo um imposto sobre a fortuna, são algumas das sugestões indicadas pelos autores para reduzir a desigualdade no Brasil.

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