Política

Após denúncia de venda de votos, PSOL protocola representação contra Lira e Ramos na PGR

A ação trata sobre as supostas compras de votos que teriam ocorrido em questões tidas como prioritárias na Câmara

Após denúncia de venda de votos, PSOL protocola representação contra Lira e Ramos na PGR
Após denúncia de venda de votos, PSOL protocola representação contra Lira e Ramos na PGR
Arthur Lira e Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) anunciou, neste domingo, 21, que entrará com representação na Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, e ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos com base nas denúncias feitas pelo deputado Delegado Waldir ao portal The Intercept Brasil. 

https://twitter.com/IvanValente/status/1462462050358243331

Em entrevista exclusiva, o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), ex-aliado do Presidente Jair Bolsonaro, expôs que o governo teria pago votos dos parlamentares em votações consideradas prioritárias para o Planalto. 

Entre elas, a aprovação da Reforma da previdência e a eleição do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). 

O ex-bolsonarista revelou como funcionava o ‘orçamento secreto’. Segundo o parlamentar, cada deputado que aceitou a troca de favores, recebeu 10 milhões de reais em emendas parlamentares para uso em suas bases eleitorais pelo apoio à eleição de Lira. Líderes partidários que integravam o esquema recebiam o dobro dos demais.

“Aconteceu na reforma da Previdência, na eleição do Lira [para a presidência da Câmara] e em mais uma [votação] que não me lembro”, disse Waldir. 

“R$ 10 milhões [por voto em Lira]. E na [reforma da Previdência, R$ 20 milhões por parlamentar”, afirmou Waldir.

As verbas orçamentárias vinham diretamente do orçamento do Executivo no primeiro momento. Após a criação do chamado ‘orçamento secreto’, os valores passaram a sair das emendas do relator. 

O deputado ainda apontou o presidente da Câmara e do Senado, Rodrigo Pacheco, como os agentes que negociavam e liberavam as emendas. 

“O Lira e o Pacheco têm o controle dos recursos. ‘Dei R$ 10 milhões para você, R$ 20 milhões para o Fernando, R$ 30 milhões para o Waldir.’ Quem tem esse controle é o assessor de orçamento, o Lira e o Pacheco. Ninguém mais tem”, contou.

 

CPI do Bolsolão

Ivan Valente já havia articulado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o ‘orçamento secreto’, liberado pelo presidente para, supostamente, comprar apoio parlamentar. 

O deputado apelidou a investigação de CPI do Bolsolão. Até o momento, 60 deputados assinaram o pedido de abertura do procedimento.

A venda de apoio parlamentar no Congresso Federal voltou a ser alvo de discussão após a primeira votação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados. 

A proposta do governo foi aprovada depois que o presidente da Casa, Arthur Lira, liberou bilhões de reais em emendas de relator. 

Parlamentares relataram que Lura ofereceu a liberação de até 15 milhões de reais para os deputados que votassem a favor da PEC. 

Após a divulgação da manobra de Lira, o PSOL protocolou uma ação no Supremo Tribunal visando a suspensão dos pagamentos das emendas. A liminar foi concedida pela ministra Rosa Weber. 

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