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Na Europa, mulheres fazem campanha de boicote a bares contra golpe ‘boa noite, Cinderela’

O grupo quer que autoridades identifiquem os locais em que houve o ataque, arquivem a informação e sancionem estabelecimentos problemáticos

Na Europa, mulheres fazem campanha de boicote a bares contra golpe ‘boa noite, Cinderela’
Na Europa, mulheres fazem campanha de boicote a bares contra golpe ‘boa noite, Cinderela’
Na foto, uma das mulheres discursa durante o protesto em Bruxelas, na Bélgica. A manifestação foi acompanhada e compartilhada pela deputada Margaux De Ré, do parlamento belga. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Nas últimas semanas, as redes sociais em francês foram inundadas por relatos de mulheres que sofreram agressões sexuais em uma noite da qual pouco se lembram. Uma campanha nascida na Bélgica incentiva vítimas do golpe “Boa noite, cinderela” a denunciarem os bares em que foram atacadas e estimula seu boicote.

O golpe não é novo. Sem perceber, uma pessoa se aproxima e coloca uma droga dentro do copo de bebida de um estranho, em geral GHB (ácido gama-hidroxibutírico). Conhecida como droga do estupro, o GHB não tem sabor ou coloração, e passa despercebido dentro de refrigerantes ou bebidas alcoólicas. Poucos minutos depois, a vítima se sente tonta e perde a consciência.

Apesar de casos do golpe “boa noite, Cinderela” serem comuns e acontecerem há anos em diversos países, pouco tem sido feito para seu combate. Indignadas com isso, mulheres da Ufia (União Feminista Inclusiva e Autogerada) lançaram em Bruxelas a campanha #balancetonbar, denuncie seu bar, em francês.

Em uma conta do Instagram, as ativistas reúnem relatos de agressões e ataques com a droga e pedem o boicote aos bares em que o golpe acontece. “O boicote é apenas uma forma de tornar visível a violência que vem ocorrendo há décadas e que não é ouvida”, afirmou Florence, uma das ativistas do coletivo “Et ta sœur?”, em entrevista à RTL Info.

As militantes por trás da hashtag #balancetonbar e #metooghb enviaram uma carta aos 19 prefeitos da região de Bruxelas pedindo apoio do judiciário e das casas noturnas para lutar contra a “violência sexual sistêmica” que elas dizem existir nos bares e clubes noturnos da capital belga.

“Nós exigimos viver sem carregar o fardo de estar sempre em perigo em todos os lugares. Este flagelo já dura muitos séculos e não podemos mais tolerá-lo”, diz a carta do coletivo Ufia, publicada pela RTL.

O grupo quer que as autoridades “identifiquem sistematicamente [os locais em que houve o ataque], arquivem a informação e sancionem estabelecimentos e funcionários problemáticos” caso seja feita uma denúncia de violência sexual.

Desde outubro, os relatos se multiplicam e atravessaram fronteiras. O movimento se espalhou pela Inglaterra e pela França.

Boicote aos bares na sexta-feira

Nesta sexta-feira 12, os movimentos em Bruxelas e Paris pediram que as mulheres boicotem a vida noturna para denunciar o silêncio dos bares, casas noturnas e atendentes contra quem pratica o golpe do “boa noite, Cinderela”.

“É uma boa maneira de chamar a atenção e incentivar os estabelecimentos a assumirem sua responsabilidade”, considera o coletivo feminista francês Nous Toutes.

O objetivo do boicote é pressionar os proprietários a tomarem medidas para tornarem seus estabelecimentos mais seguros. O primeiro passo é a conscientização dos trabalhadores das casas noturnas, o segundo poderia ser o controle na entrada com revista, listam as ativistas.

Em Bruxelas, cerca de 500 jovens foram às ruas nesta sexta para protestar contra as agressões sexuais e pedir mais proteção dos bares, dos clubes e da polícia. A manifestação foi acompanhada e compartilhada pela deputada Margaux De Ré, do parlamento belga.

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