Política

Bolsonaro culpa governadores e jornalistas pela inflação e mente sobre decisões do STF

Em discurso, o presidente também afirmou que, em 7 de setembro, estará ‘onde o povo estiver’

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/TV Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro usou uma cerimônia de entrega de casas em Manaus (AM), nesta quarta-feira 18, para culpar governadores e a imprensa pelo avanço da inflação e para mentir sobre decisões do Supremo Tribunal Federal na pandemia.

No início do discurso, afirmou que, em 7 de setembro, estará “onde o povo estiver”. Trata-se de uma nova sinalização de que participará de atos com pautas antidemocráticas que miram especialmente o STF e alguns de seus ministros, como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Após dizer que é “recebido de forma carinhosa em qualquer lugar do Brasil”, Bolsonaro resolveu responsabilizar governadores e jornalistas pela inflação. Na edição da última segunda-feira 16 do Boletim Focus, o mercado financeiro projetou que o IPCA – a inflação oficial – deste ano chegará a 7,05%. É o 19º aumento consecutivo na estimativa.

Segundo ele, governadores e “a imprensa” disseram que “deveríamos respeitar a máxima do ‘fique em casa’ que a economia a gente vê depois. A economia está batendo na porta de todos nós agora”.

Na sequência, Bolsonaro tornou a divulgar uma de suas fake news prediletas: a de que o STF o teria proibido de enfrentar a Covid-19. “Apesar de estarmos praticamente alijados do combate à pandemia, a não ser enviando recursos para estados e municípios, trabalhamos e criamos projetos para manter empregos”, declarou.

Não é verdade. O STF julgou, no início da crise sanitária, três ações em que reafirmou que governadores e prefeitos têm autonomia para montar planos locais de ação, incluindo o fechamento de comércio. E ressaltou que todas as esferas do Poder Público devem participar do combate ao novo coronavírus.

“É letra expressa da Constituição Federal: cumpre à União, a estados, municípios e ao Distrito Federal cuidar da Saúde e legislar sobre a saúde”, declarou o então ministro Marco Aurélio Mello em junho do ano passado ao refutar alegações de Bolsonaro.

Também em junho, ao criticar a condução do enfrentamento ao coronavírus no País, a ministra Cármen Lúcia reforçou: “O que o Supremo disse é que a responsabilidade é dos três níveis [federativos] — e não é hierarquia, porque na federação não há hierarquia — para estabelecer condições necessárias, de acordo com o que cientistas e médicos estão dizendo que é necessário, junto com governadores, junto com prefeitos. Acho muito difícil superar [a pandemia] com esse descompasso, com esse desgoverno”.

No mês passado, a Corte usou as redes sociais para rebater as fake news. “Uma mentira contada mil vezes não vira verdade! Compartilhe este vídeo e leve informação verdadeira a mais pessoas. #VerdadesdoSTF #FakeNewsNão”, diz a mensagem que acompanha o vídeo produzido pelo tribunal.

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