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Governo Bolsonaro desistiu de comprar 43 milhões de doses de vacina, revelam documentos

Desistência consta em série de telegramas encaminhados pela diplomacia brasileira

Governo Bolsonaro desistiu de comprar 43 milhões de doses de vacina, revelam documentos
Governo Bolsonaro desistiu de comprar 43 milhões de doses de vacina, revelam documentos
Jair Bolsonaro e o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, responsável pelo atuação do Brasil no Covax Facility. Foto: Agência Brasil
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O governo Bolsonaro desistiu de comprar 43 milhões de doses de vacina no consórcio Covax Facility. É o que mostram uma série de telegramas encaminhados pela diplomacia brasileira. A informação foi revelada pelo UOL neste sábado 7.

Segundo os documentos, a opção inicial do País era comprar doses suficientes para cobrir a imunização de 20% da população. No total, de acordo com mensagens do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo enviadas em agosto de 2020, seriam adquiridos 86 milhões de imunizantes via consórcio.

A opção de compra, no entanto, foi reduzida pela metade poucos dias depois. Em 22 de setembro, Araújo informou ao Covax Facility que o Brasil reduziria a sua opção de compra para apenas 10% da população, solicitando assim, apenas 43 milhões de doses de vacina.

Os telegramas comprovam ainda que o Brasil criou obstáculos políticos para aderir ao Covax Facility e só aderiu ao grupo quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) cedeu à sua pressão. O governo federal cobrava que os Países não fossem obrigados a assumir compromissos de comprar vacinas.

As mensagens comprovam que o governo queria negociar vacinas por outros meios, sem se comprometer totalmente com a coalizão de Países do Covax Facility.

Recentemente, o Ministério da Saúde alegou que o atraso para a adesão ao consórcio de vacinas foi causado pelo nível de inglês insuficiente dos responsáveis por ler os documentos enviados pelo grupo.

Há ainda provas de que o governo Bolsonaro sabia da ineficácia da cloroquina no combate ao coronavírus. O governo recebeu, via diplomacia brasileira, informações de que a própria indústria farmacêutica mundial havia desistido do medicamento em agosto de 2020. Ainda assim, Bolsonaro segue propagandeando o ‘kit covid’ como solução para enfrentar a pandemia.

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