Política

Datafolha: maioria dos brasileiros é contra militares no governo

A pesquisa indica a insatisfação com os episódios recentes envolvendo os fardados aliados de Bolsonaro

O presidente Bolsonaro e os militares (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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A mais recente pesquisa Datafolha divulgada nos últimos dias também revelou outro ponto em ‘desidratação’ política do atual presidente Jair Bolsonaro: a participação de militares da ativa no governo.

Se antes a percepção geral da população era em favor dos militares, agora a pesquisa mostra a forte insatisfação com a presença dos ‘fardados’.

Segundo revelou o Datafolha, nada menos do 62% dos brasileiros são contrários à participação de militares da ativa em manifestações políticas. Apenas 39% apoiam.

Sobre a nomeação de militares a cargos no governo, o descontentamento dos brasileiros também é grande. Ao todo, 58% dos entrevistados dizem que militares não deveriam trabalhar em funções da administração pública. O índice era de 52% há pouco mais de um ano.

No mesmo período, os apoiadores da ideia passaram de 43% para apenas 38%.

Os dados são relativos ao público geral e quando filtrados entre prováveis eleitores de Lula e de Bolsonaro indicam diferenças ainda maiores. Para apoiadores do petista, as práticas são reprovadas por mais de 70%. Já entre quem indica intenção de voto no atual presidente, a prática é aprovada por 56%.

A pesquisa indica uma insatisfação com os episódios recentes envolvendo os militares aliados de Bolsonaro, como o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que discursou em apoio ao presidente em uma manifestação política.

Mesmo contra os códigos de conduta militar, Pazuello não foi punido e o processo que apurou a manifestação foi colocado em sigilo pelos próximos 100 anos.

O ex-ministro também é um dos envolvidos nas suspeitas de corrupção na compra de vacinas pelo governo federal. Ele também é investigado e denunciado por omissão, improbidade administrativa, entre outras acusações, tanto pelo Ministério Público Federal (MPF), quanto pela CPI da Covid no Senado.

Os episódios de crise com a participação de militares no governo não se limitam a Pazuello. Nas suspeitas de compra de vacinas outros nomes das Forças Armadas, como os coronéis Elcio Franco, ex-secretário executivo da Saúde, Alex Lial Marinho e Marcelo Blanco, também ex-coordenadores da pasta.

A forte suspeita de corrupção envolvendo os militares no governo levou o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), a declarar estar decepcionado com o ‘lado podre’ das Forças Armadas citado nas ‘falcatruas’ do governo.

A declaração suscitou forte e desproporcional reação dos militares. Em nota conjunta, Marinha, Aeronáutica, Exército e Ministério da Defesa declararam que não irão aceitar ‘ataques’ às instituições.

A nota gerou reação contrária de parlamentares, personalidades e entidades de todo o Brasil em defesa da democracia.

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