Educação
Professores de universidade federal recebem advertências após criticarem Bolsonaro
Funcionários da UFPEL afirmaram que presidente procura intervir na autonomia das instituições
Dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) receberam advertências por meio de um “termo de ajustamento de conduta”, publicado no Diário Oficial da União na terça-feira 2, por terem criticado o presidente Jair Bolsonaro na cerimônia de nomeação da nova reitoria, que teve a escolha acadêmica ignorada pelo Planalto.
As advertências foram publicadas como dois processos administrativos abertos pela Corregedoria-Geral da União, junto a Coordenação-Geral de Instrução e Julgamento de Servidores e Empregados Públicos.
Tanto Pedro Hallal, que é o atual reitor e já foi mencionado por Bolsonaro em suas redes sociais, quanto o professor Eraldo Pinheiro foram autuados por “manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República [..] durante transmissão ao vivo de live nos canais oficiais do Youtube e do Facebook da Instituição, no dia 07/01/2021, que se configura como ‘local de trabalho’ por ser um meio digital de comunicação online”.
No dia 7 de janeiro, foram nomeados, de maneira inédita, uma dupla de reitores para comandar a UFPEL: Paulo Ferreira Jr, eleito pela comunidade acadêmica, e Isabela Andrade, nomeada por Bolsonaro, que ignorou as eleições realizadas na universidade.
A medida teve como intuito dar uma resposta direta à interferência de Bolsonaro – que se repete além da UFPEL – em não nomear reitores eleitos pelas instituições.
“Jamais flertaremos com a possibilidade de um interventor na nossa universidade”, afirmou Hallal na cerimônia de nomeação dos novos reitores. “O presidente jamais terá sossego aqui na UFPEL. Aqui não. O senhor não manda em absolutamente nada aqui na UFPEL. Quem manda na UFPEL é a nossa comunidade. O senhor é desprezível”.
O professor Eraldo afirmou que a medida de Bolsonaro visava enfraquecer as instituições por dentro para, assim, não terem força para o “real inimigo”.
“Eu inicio essa fala dizendo que contra-atacaremos o golpe impetrado por esse grupo que está devastando nosso país. Grupo liderado por um racista, machista, homofóbico, genocida, que exalta torturadores e milicianos, que ao longo do tempo vem minando, destruindo as estruturas já precárias nas nossas instituições. Não satisfeito, ainda iniciou um movimento de articulação para gerar conflitos internos nas universidades a ponto de não termos força e unidade para enfrentar o real inimigo. Se enganaram, porque não seremos pautados por essas imposições.”
Até mesmo a reitora nomeada por Bolsonaro, que atua academicamente na universidade, diz que foi pega de surpresa com a escolha.
“Não era minha intenção assumir a Reitoria da Universidade neste momento. Tinha outros planos profissionais e, principalmente, pessoais. Lamento a decisão pela não nomeação do Reitor eleito da Universidade.”, afirmou Andrade em entrevista ao portal G1.
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