Política
Moro aciona o STF e diz que conversas da Vaza Jato não indicam sua suspeição
Ao ministro Edson Fachin, o ex-juiz pede que os diálogos com a força-tarefa de Curitiba sejam ‘inadmitidos como provas’


O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro apresentou um recurso ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão do ministro Ricardo Lewandowski de autorizar o compartilhamento com a defesa do ex-presidente Lula de mensagens apreendidas na Operação Spoofing. As conversas deram origem à série de reportagens conhecida como Vaza Jato.
Na segunda-feira 1, a divulgação de uma nova leva de diálogos reforçou a proximidade entre Moro e os membros da força-tarefa da Operação Lava Jato Curitiba.
Segundo o pedido de Moro, assinado por sua esposa, Rosângela Moro, houve violação do princípio do juiz natural. A competência para analisar o caso, diz o ex-juiz, seria de Fachin.
Após questionar a decisão de Lewandowski, Moro também cita “problemas” sobre as “supostas mensagens roubadas pelos hackers“.
“A prova é absolutamente ilícita. As mensagens foram obtidas pelos hackers por violação criminosa dos aparelhos celulares dos Procuradores da República com a finalidade reprovável de serem utilizadas para anulação de condenações por crimes graves, de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.” O recurso de Moro ao STF foi divulgado pelo site O Antagonista.
Mais do que isso, o ex-juiz pede que os diálogos sejam “inadmitidos como provas” e afirma que eles, “apesar de toda manipulação das variadas interpretações apresentadas pela Defesa do ex-presidente, não revelam ilicitude ou ilegalidade da condenação do acusado, não demonstram inocência do acusado ou a suspeição do juiz”.
As mensagens
Na segunda-feira 1, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, levantou o sigilo de mais conversas entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro.
Parte dos diálogos, apresentados em um documento com 50 páginas, já era de conhecimento público. Vieram à tona nesta segunda, porém, novas conversas que reforçam a relação fora dos autos entre as partes. O material fortalece a denúncia de que o grupo chefiado por Dallagnol recebia orientações expressas do magistrado que seria responsável pelo julgamento dos casos em primeira instância.
Em um dos diálogos, datado de 14 de dezembro de 2016, Dallagnol diz a Moro que a “denúncia do Lula sendo protocolada em breve. Denúncia do Cabral será protocolada amanhã”. Moro, então, responde com um emoticon de sorriso e a mensagem “um bom dia afinal”. Um dia depois, o MPF denunciou Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi a quarta denúncia contra o petista apresentada no âmbito da Lava Jato.
Leia a íntegra do documento.
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