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Temer entra na negociação com a China para obter insumos à vacina
Ex-presidente disse que foi solicitado pelo governo de São Paulo para interceder nas conversas com a equipe de Xi Jinping


O ex-presidente Michel Temer (MDB) entrou nas negociações com a China para obter os insumos necessários à produção das vacinas contra a Covid-19 no Brasil. O objetivo é tentar reverter o atraso na entrega do material, diante do desgaste da relação entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e os chineses.
O ex-presidente afirmou ter telefonado ao ex-embaixador na terça-feira 19 e solicitado que encaminhasse a Xi Jinping seu “pedido pessoal” de fornecer os insumos. A declaração foi dada ao programa Brasil Urgente, da Band, nesta quinta-feira 21.
Temer diz ter oferecido sua contribuição por ter construído uma relação próspera com um ex-embaixador do presidente Xi Jinping, na época em que foi vice-presidente de Dilma Rousseff e, em seguida, assumiu o Planalto. Sua colaboração foi solicitada pelo governo de São Paulo, segundo ele, por meio do secretário de governo Antonio Imbassahy, além do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
“Tenho impressão de que, com esse trabalho em conjunto, é muito provável que se apresse a remessa dos insumos necessários para a produção da vacina”, declarou.
Temer disse que não há previsto nenhum prazo para a resposta do governo chinês.
A falta de matéria-prima no Butantan e na Fundação Oswaldo Cruz, que produzem a Coronavac e a vacina da Universidade de Oxford, foi objeto de ofício de procuradores da República, encaminhado a Augusto Aras na quarta-feira 20. No documento, eles cobram que o Ministério da Saúde e o Ministério das Relações Exteriores informem medidas que garantam o fornecimento do material.
Em reunião com deputados, o chanceler Ernesto Araújo negou problemas com a China como a causa do atraso e culpou a “alta demanda” pelos insumos. No entanto, o ministro não fixou uma data para a entrega.
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