Política
EUA: deputados democratas cobram proteção a Talíria Petrone e criticam Bolsonaro
22 congressistas norte-americanos pedem ‘investigação completa e imparcial sobre ameaças’ recebidas pela parlamentar do PSOL
22 deputados do Partido Democrata dos Estados Unidos publicaram, nesta quarta-feira 2, uma carta em apoio à deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) e em repúdio ao governo de Jair Bolsonaro.
Em setembro, Talíria recorreu à Organização das Nações Unidas após sofrer novas ameaças de morte. Em carta enviada às relatoras de direitos humanos da entidade, a parlamentar pedia explicações do governo brasileiro, não apenas sobre seu caso, mas também sobre o assassinato de Marielle Franco, em março de 2018. Por questões de segurança, Talíria optou por se mudar do Rio de Janeiro.
“Como deputada eleita, defensora dos direitos humanos, negra que identifica-se com as lutas contra o racismo, misoginia e outras formas de intolerância, eu percebo as ameaças dirigidas a mim como uma ameaça à própria democracia”, disse a parlamentar em entrevista a CartaCapital em setembro.
No texto divulgado nesta quarta, os deputados norte-americanos citam, além de Marielle, as ameaças sofridas pelo ex-deputado federal Jean Wyllys.
“Depois de receber várias ameaças de morte – e sem receber proteção adequada do governo brasileiro – a deputada Petrone foi forçada a se esconder para garantir sua segurança, junto à segurança de seu filho de 5 meses. Isso se segue à decisão de Jean Wyllys, o primeiro parlamentar assumidamente gay do Congresso brasileiro e membro do mesmo partido da deputada Petrone, de deixar o Brasil em 2019 por causa de ameaças à sua vida. É totalmente inaceitável para nós que representares eleitos em uma democracia sejam incapazes de cumprir seus mandatos por causa de ameaças. Pedimos uma investigação completa e imparcial sobre essas ameaças, a fim de identificar e processar os responsáveis”, diz a carta.
Os congressistas norte-americanos também criticaram especificamente o presidente Jair Bolsonaro e sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrotado por Joe Biden nas eleições deste ano.
“Como o presidente Bolsonaro continua a minar os direitos dos afro-brasileiros, mulheres, pessoas LGBTQI+, povos indígenas e outros, estamos vendo as forças do racismo, sexismo e homofobia perigosamente encorajadas no Brasil. É por isso que, desde o início do mandato de Bolsonaro na presidência, uma ampla coalizão de membros do Congresso dos Estados Unidos se manifestou contra e trabalhou para combater o consistente louvor e apoio da administração Trump ao presidente Bolsonaro. Continuaremos ao lado do povo brasileiro e nos oporemos às ações xenófobas e antidemocráticas tomadas pelo presidente Bolsonaro”, completam.
Em contato com a reportagem de CartaCapital nesta quarta-feira, Talíria Petrone celebrou a manifestação dos congressistas norte-americanos.
“O apoio dos democratas estadunidenses vem num momento muito oportuno, porque demonstra que o repúdio à violência política no Brasil e ao governo Bolsonaro é internacional, extrapolando as fronteiras do país. É lamentável que o Estado brasileiro não seja capaz de garantir a segurança de parlamentares democraticamente eleitos. A nota aponta essa triste página da nossa história, mas também serve para pressionar as autoridades. Fundamental ampliar a repercussão de nossas denúncias”, afirmou a deputada.
A carta é encabeçada pela deputada Susan Wild, democrata da Pensilvânia. Assinam o texto, ainda, os parlamentares Rep. Steve Cohen, Joaquin Castro, James P. McGovern, Alcee L. Hastings, Mark Pocan, David N. Cicilline, Henry C. “Hank” Johnson, Jr., Alan Lowenthal, Jan Schakowsky, Jesús G. “Chuy” García, Brad Sherman, Adriano Espaillat, Deb Haaland, Raúl M. Grijalva, Ro Khanna, Eleanor Holmes Norton, Jamie Raskin.
Pelo Twitter, o prefeito eleito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues, também saiu em defesa de Talíria Petrone:
A deputada @taliriapetrone foi obrigada a sair do Rio de Janeiro, de sua casa, por conta de ameaças à sua vida. Não podemos admitir que o crime organizado siga ditando as regras no país. Quero deixar minha solidariedade a essa grande amiga e deputada.
— Edmilson Rodrigues (@EdmilsonPSOL) December 2, 2020
Ele ainda afirmou esperar “que o Estado brasileiro cumpra sua obrigação de proteger a vida e a dignidade, em especial, sendo Talíria uma representante do povo”.
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