Política
Bolsonaro minimiza Dia da Consciência Negra: “Todos têm a mesma cor”
O presidente ignorou a morte de João Alberto, homem negro que foi espancado no Carrefour em Porto Alegre


O presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar o racismo no Brasil. No Dia da Consciência Negra, desta sexta-feira 20, o presidente postou um texto em seu Twitter dizendo que não existe diferenças entre raças no Brasil.
“Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus”, afirmou Bolsonaro.
Na postagem, o presidente ignorou a morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, um homem negro morto por dois seguranças brancos em um supermercado do Carrefour, em Porto Alegre (RS).
– O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo miscigenado. Brancos, negros, pardos e índios compõem o corpo e o espírito de um povo rico e maravilhoso. Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 21, 2020
Mais cedo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, já havia dito: “para mim, não existe racismo no Brasil”. “Eu digo para você com toda tranquilidade: não tem racismo. Eu digo isso para vocês porque eu morei nos Estados Unidos. Racismo tem lá. Eu morei dois anos nos Estados Unidos. Na minha escola, que eu morei lá, o pessoal de cor, ele andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil”, prosseguiu Mourão.
Tanto Bolsonaro quanto Mourão ignoram os números sobre racismo no Brasil. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.