Justiça
Lava Jato em SP tem dificuldade para remontar força-tarefa
Sete procuradores pediram demissão coletiva no início do mês após saída de Deltan Dallagnol


Considerada pivô da demissão de oito procuradores da Lava Jato em São Paulo, no último dia 2, a procuradora Viviane Martinez assumirá sozinha os casos da operação a partir de hoje. Ela tem enfrentado dificuldade para montar uma nova força-tarefa, o que pode levar as investigações a serem redirecionadas para outras procuradorias.
Viviane foi acusada pelos procuradores demissionários de conduzir um “processo de desmonte” da Lava Jato desde que assumiu o 5º Ofício, responsável pela operação, em março. Os procuradores disseram que ela vedou novas delações e pediu adiamento de uma operação que atingiria o senador José Serra (PSDB-SP).
Hoje, os últimos quatro procuradores demissionários se desligam da força-tarefa. Viviane já solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) autorização para se dedicar exclusivamente a casos da Lava Jato – antes ela dividia os trabalhos com outros processos.
Segundo levantamento feito por Viviane, a Lava Jato concentra 255 processos. Nos bastidores do Ministério Público Federal (MPF), a atuação de Viviane é vista como uma forma de arquivar ou redistribuir casos para outros órgãos da Procuradoria, esvaziando a Lava Jato em São Paulo.
Segundo o MPF, as investigações da Lava Jato continuam em andamento, e a nova força-tarefa fará uma “avaliação do acervo de investigações”.
Os planos de Viviane incluem chamar no máximo dois colegas para formar uma nova força-tarefa. Procuradores que se candidataram para integrar o grupo em julho retiraram seus nomes, segundo o Estadão apurou, após a renúncia coletiva.
O único nome cotado para integrar a Lava Jato paulista é do procurador Paulo Henrique Cardozo, lotado em Oiapoque (AP). Um pedido de transferência foi enviado à PGR. Por nota, Viviane afirmou que foi realizada uma “consulta nacional” entre procuradores, sem informar a data.
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