Justiça

Regina Duarte é processada por apologia à ditadura militar

Autora do processo resgatou trechos de entrevista da atriz à CNN Brasil

Regina Duarte é processada por apologia à ditadura militar
Regina Duarte é processada por apologia à ditadura militar
Foto: Marcos Corrêa/PR Foto: Marcos Corrêa/PR
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A atriz Regina Duarte responderá na justiça por apologia à ditadura. A autoria do processo é Lygia Jobim, filha do ex-embaixador José Jobim, que foi morto durante o regime militar.

O documento tem 25 páginas e traz trechos da entrevista concedida em maio pela então secretária de Cultura à CNN Brasil. Na ocasião, Regina chegou a falar que “sempre houve tortura”.

“Sempre houve tortura, não quero arrastar um cemitério. Mas a humanidade não para de morrer, se você falar de vida, de um lado tem morte. Por que olhar para trás? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões, acho que tem uma morbidez neste momento. A covid está trazendo uma morbidez insuportável, não tá legal”, afirmou.

Em um trecho do processo, Lygia lembra outras declarações da ex-secretária de Cultura.

“Eu acho essa coisa de esquerda e direita tão abaixo do patamar da cultura (….) Agora por que eu estou apoiando o governo Bolsonaro? Porque eu acredito que ele era e continua sendo a melhor opção para o país. E aí você diz assim ‘Ah mas ele fez isso, ele fez aquilo’, eu não quero ficar olhando para trás, se eu ficar olhando para o retrovisor, eu vou dar trombada. Posso cair num precipício ali na frente. Tem que olhar para frente, tem que ser construtivo, tem que amar o país. O que eu tenho hoje? Eu tenho isso? É com isso que eu vou lidar. Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80, gente, ‘vambora’, ‘vambora’ para frente”.

 

A ação civil tramita no Juízo Substituto da 23ª VF do Rio de Janeiro.

“Não estou ingressando essa ação civil apenas por mim, mas por todas as famílias das vítimas do regime militar. Eu me senti absolutamente indignada e ofendida ao assistir às declarações de Regina Duarte. Eu não conseguia acreditar que tantos absurdos estavam sendo ditos por uma secretária de Cultura, cujo cargo deveria zelar pelo direito à memória e à verdade deste país. A falta de empatia dela com as vítimas da ditadura e com as do coronavírus é lamentável. Em determinados momentos, ela minimiza as torturas, age com menosprezo e deboche. Esse tipo de discurso tenta demonizar as vítimas. Felizmente, esse não é o pensamento da grande maioria da classe artística”, diz Lygia Jobim, autora da ação, à CNN Brasil.

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