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“Bolsonaro acabou”, acreditam assinantes de petição pelo impeachment

Abaixo-assinado com milhares de apoiadores pede afastamento do presidente por crimes de responsabilidade

“Bolsonaro acabou”, acreditam assinantes de petição pelo impeachment
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“As avaliações que afirmam que o governo acabou me parecem acertadas”, aponta criador de abaixo-assinado que pressiona a Câmara dos Deputados a dar início ao processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A petição foi lançada pelo professor universitário Daniel Tourinho Peres depois que o presidente convocou a população a participar de atos que tinham entre suas principais pautas protestos contra o Congresso Nacional e o Judiciário. 

O abaixo-assinado, aberto há três semanas pelo docente na plataforma Change.org, começou a receber novas assinaturas depois que Bolsonaro descumpriu recomendação de isolamento e chamou de “histeria” a pandemia do coronavírus, que já pode ter matado cerca de 9 mil pessoas no mundo. Somente nas últimas 24 horas, mais de 1,1 mil brasileiros assinaram a petição a favor do impeachment do presidente, que já passa de 32 mil assinaturas.  

O movimento reforça outras mobilizações que surgem pelo afastamento de Bolsonaro da presidência. Dois pedidos de impeachment já foram protocolados por parlamentares na Câmara dos Deputados. O primeiro, feito pelo deputado distrital Leandro Grass (Rede-DF), chegou à Casa na terça-feira 17 e acusa o presidente de ter cometido crime de responsabilidade, entre outras ocasiões, ao convocar manifestantes para os atos do dia 15. 

Já o segundo pedido foi realizado nesta quarta-feira 18 pelos deputados federais do PSOL David Miranda (RJ), Sâmia Bomfim (SP) e Fernanda Melchionna (RS), que alegam quebra de decoro também pela atuação “irresponsável” e “criminosa” dele durante a crise do coronavírus, conforme pontuou a deputada do Rio Grande do Sul em sua conta oficial no Facebook. Além dos três parlamentares, deputados estaduais, artistas e intelectuais, como Gregorio Duvivier, Zélia Duncan e Vladimir Pinheiro Safatle, também assinaram o documento. 

 

“Não bastasse a incompetência, o presidente convocou manifestações golpistas de apoio ao seu governo justamente no momento em que as autoridades sanitárias tentavam convencer a população a evitar aglomerações. Mesmo tendo diversos membros de seu governo infectados, o presidente cometeu o gesto temerário e irresponsável de se juntar aos seus apoiadores, assumindo o risco de infectá-los. Uma atitude criminosa de um homem que deveria liderar o país e dar exemplo para o seu povo”, diz o manifesto publicado na internet.  

Pressão “Fora, Bolsonaro” se intensifica

Panelaços contra o presidente aconteceram durante a semana (Foto: Reprodução)

Em meio a uma situação de crise global, na qual autoridades de todo o mundo mobilizam-se para garantir o isolamento social de populações inteiras, o comportamento de Bolsonaro foi interpretado como além do limite até por ex-aliados. A deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal (PSL) acusou-o de homicídio doloso e crime contra a saúde pública.

Para o professor autor do abaixo-assinado, o estresse social está chegando a um ponto “insuportável”. “É um governo que vive do caos, do tensionamento com as instituições, sem nenhuma responsabilidade”, afirma sobre a animosidade gerada entre os três poderes depois que os atos do dia 15 foram chamados.

“Este grupo não tem por objetivo governar, mas manter-se no poder, mesmo que isso custe um dilaceramento da sociedade brasileira jamais visto”, completa Peres, que dá aulas na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Em atualização postada na página da petição online, o docente mostra-se preocupado com a permanência de Bolsonaro no comando do país frente ao momento crítico de pandemia que o Brasil começa a atravessar. “A sociedade com razão está amedrontada. Os dias que se aproximam são, no mínimo, muito preocupantes, para não dizermos aterrorizantes. Uma pandemia, que se somará a um aprofundamento de uma crise econômica que já é grave, para ser enfrentada por serviços públicos que vêm sendo sucateados, não será algo fácil”, fala. 

Além dos manifestos que circulam na internet pedindo a saída de Bolsonaro, outros movimentos foram realizados fora das redes, seguindo a orientação de isolamento social. Atos de rua que estavam marcados contra o governo foram cancelados e substituídos por “panelaços”. Na terça e quarta-feira (17 e 18), moradores de inúmeras cidades saíram para as sacadas de suas casas e apartamentos para bater panelas em protesto ao presidente. 

Andamento do processo

Para que o processo de impeachment de Jair Bolsonaro comece a avançar, mesmo que esteja embasado pela acusação de crimes de responsabilidade, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), precisa dar andamento a ele. A petição lançada por Peres visa justamente reunir apoio popular para pressionar a Casa a iniciar a tramitação. “Façamos com que as assinaturas de todos vocês cheguem ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal”, diz trecho da petição aberta pelo professor na Change.org.

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