Sociedade
‘Tá pouco’, diz Damares sobre agenda com igrejas e conservadores
Ministra afirma que não conversará com ‘esquerdistas’ e endossa encontro com pastores e líderes de extrema-direita internacionais


A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, resolveu endossar seu discurso de encontro com líderes conservadores nesta terça-feira 12.
Em resposta a uma matéria do Huffpost, respondeu: “Mais de 300 dias de governo e somente 31 agendas com lideranças religiosas e conservadoras? Tá pouco. Vamos aumentar isso aí.”
A reportagem, que trata sobre a prevalência do tempo de Damares para políticos religiosos, pastores, grupos internacionais mobilizados contra o aborto, traz ainda que o ministério se posicionou dizendo que é feito “um intenso diálogo com membros da sociedade civil e de outros governos em busca de parcerias e investimentos”.
Não parece o que a ministra quer propagar: “Com lideranças esquerdistas é que não faremos”, continuou em sua publicação.
Mais de 300 dias de governo e somente 31 agendas com lideranças religiosas e conservadoras? Tá pouco. Vamos aumentar isso aí.
Com lideranças esquerdistas é que não faremos.
Outra: as igrejas têm historicamente feito trabalhos sociais. Ações conjuntas são estratégicas. pic.twitter.com/aTlXN9RHlP
— Damares Alves (@DamaresAlves) November 12, 2019
Ao longo do ano de trabalho em frente ao Ministério, Damares chegou a endossar discursos sobre violência contra a mulher, mas, por outro lado, foi acusada de perseguir órgãos vinculados ao seu ministério, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos. Por esse motivo, a ministra foi denunciada à ONU.
“O governo federal tem, constantemente e arbitrariamente, atacado os colegiados de participação civil. Em abril, o governo assinou um decreto que extinguiu centenas de conselhos sociais; em junho, demitiu (também por decreto) especialistas e deixou de pagar salários do Mecanismo Nacional para a Prevenção e Combate à Tortura, responsável por monitorar as condições das unidades penitenciárias, hospitais psiquiátricos, entre outras”, diz a representação.
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